sexta-feira, 19 de maio de 2017

PAPO DE BAR - WHATSAPP


Há vários regimes políticos. Se você pensar bem, o ideal seria se o todo o povo de uma nação, reunido numa grande praça pública, pudesse escolher o destino de seu país, o bem-estar de sua gente, as práticas mais adequadas às suas esperanças e suas necessidades.

É claro que isto não é prático nem viável. Numa agremiação humana de qualquer tamanho, a única solução possível é a entrega do comando a uma elite governativa que, de preferência, transforme em leis e ordenações aquelas práticas e vele pelo seu cumprimento. Tem sido assim, desde os egípcios até hoje, em todas as sociedades.

A divergência é COMO escolher esses líderes. As formas têm sido várias. O poder de decidir os destinos de um povo é, desde as cavernas, um atrativo poderoso para o ser humano. Detê-lo significa conduzir, mandar, ordenar, estar acima do comum dos mortais. E, desde os faraós até a Revolução Francesa, a disputa pelo comando envolveu todos os métodos de luta, traição e esperteza que a mente humana é capaz de engendrar.

A partir do final de século XVIII, uma ideia que vicejara por breves instantes nas polis gregas começou a atrair os novos citoyens emergidos após 1792. Lembrava a miragem da grande praça, da congregação de cidadãos escolhendo livremente seu destino. O Governo definido por Lincoln. Do povo, para o povo, pelo povo. Democracia.

É esse o regime político que temos. Sonho de consumo da maioria das sociedades organizadas de hoje e adotada no Brasil entre hiatos e turbulências desde a proclamação da República, a democracia brasileira voltou com grande estardalhaço e esperança ao fim do regime militar. Vocês notaram que escrevi democracia com D minúsculo.

É porque o que nós temos hoje aqui é uma forma imperfeita. Democracia não é um presente, uma concessão, uma festa. Democracia pede mais do que dá. Demanda profunda conscientização política e dedicada educação cívica. Requer a disciplina constante na vigília dos atos públicos, o trabalho minucioso de decidir com critério quem vai receber nosso voto. E, principalmente, exige que exerçamos a eterna vigilância

Há décadas não fazemos nada disto. Votamos rápido para ir à praia. Esquecemos rápido em quem votamos. Alguns votam por interesses pessoais, para ganhar uma dentadura, para fazer favor a um amigo, para de repente ganhar uma vantagem. Deixamos correr solto. Elegemos e reelegemos com abandono figuras sombrias ou “salvadores da pátria” cínicos e desonestos. Votamos “por protesto” em macacos e palhaços.  

O que temos hoje, assim, não é apenas um grupo de políticos corruptos no poder. É muito pior. É todo um SISTEMA político corrompido, no qual ninguém ingressa sem pagar o pedágio de corromper sua alma. Cientes de sua impunidade, oferecida de bandeja pelo desinteresse da nação, criaram um planeta próprio, erigido em gabinetes municipais, antessalas estaduais e palácios federais. Inexpugnáveis.

Enquanto não nos dermos conta da nossa própria culpa e ficarmos transferindo o débito a eles, como se nos tivessem sido impostos por marcianos, ao Governo ou até a Pedro Álvares Cabral não chegaremos a lugar nenhum. Nunca.

Oswaldo Pereira
Maio 2017

10 comentários:

  1. Imagino que na "$ociedade" do futuro não haverá governo. Nem governantes nem governados.

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  2. Imagino que na "$ociedade" do futuro não haverá governo. Nem governantes nem governados.

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    1. O tamanho do Governo depende do grau de educação do povo. Um povo 100% educado precisa de 0% de Governo.

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  3. Li em algum luga, que educar, psicanalisar e governar é impossível.

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    1. Educar é governar com o olho no futuro. Mas dizem que há povos ingovernáveis. De Gaulle afirmou uma vez que é impossível governar um país que tem mais de 300 tipos de queijo.... Aqui só temos o Minas e o de Coalho...

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  5. Jose Antonio S. Bordeira22 de maio de 2017 às 17:56

    Nunca mesmo! Concordo, meu caro. Um dilema para a geração dos nossos netos. Aquela dos filhos não tem mais tempo de ver o país em ordem. Uma sociedade permissiva e leniente, que não tem o menor apreço pelo destino da nação, concorre para grande parte de nossas mazelas e, como indicou, para a certeza dessa impunidade generalizada. E pior, em alguns casos ainda se vale dela. Mais grave. Como encerrou o seu "Papo de bar", não se enxerga com uma parcela da responsabilidade pelo caos nosso de casa dia.

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    1. Para esta geração, até a Esperança já foi desta para melhor. Para a dos nossos netos, só se começasse AGORA um gigantesco esforço de educação, ela teria chance de ressuscitar. Mas, não creio...

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  6. Pobre povo brasileiro que nunca se conscientizou que era necessario estar preparado para escolher seus governantes, assim não ficando à mercê dessa gang de corruptos.
    Você tem absoluta razão !
    Deu no que deu !
    Quelle tristesse !!!
    Fifi

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