Há vários regimes
políticos. Se você pensar bem, o ideal seria se o todo o povo de uma nação, reunido
numa grande praça pública, pudesse escolher o destino de seu país, o bem-estar
de sua gente, as práticas mais adequadas às suas esperanças e suas
necessidades.
É claro que isto não é
prático nem viável. Numa agremiação humana de qualquer tamanho, a única solução
possível é a entrega do comando a uma elite governativa que, de preferência,
transforme em leis e ordenações aquelas práticas e vele pelo seu cumprimento.
Tem sido assim, desde os egípcios até hoje, em todas as sociedades.
A divergência é COMO
escolher esses líderes. As formas têm sido várias. O poder de decidir os
destinos de um povo é, desde as cavernas, um atrativo poderoso para o ser
humano. Detê-lo significa conduzir, mandar, ordenar, estar acima do comum dos mortais.
E, desde os faraós até a Revolução Francesa, a disputa pelo comando envolveu
todos os métodos de luta, traição e esperteza que a mente humana é capaz de
engendrar.
A partir do final de
século XVIII, uma ideia que vicejara por breves instantes nas polis gregas começou a atrair os novos citoyens emergidos após 1792.
Lembrava a miragem da grande praça, da
congregação de cidadãos escolhendo livremente seu destino. O Governo definido
por Lincoln. Do povo, para o povo, pelo
povo. Democracia.
É esse o regime
político que temos. Sonho de consumo da maioria das sociedades organizadas de
hoje e adotada no Brasil entre hiatos e turbulências desde a proclamação da
República, a democracia brasileira voltou com grande estardalhaço e esperança
ao fim do regime militar. Vocês notaram que escrevi democracia com D minúsculo.
É porque o que nós
temos hoje aqui é uma forma imperfeita. Democracia não é um presente, uma
concessão, uma festa. Democracia pede mais do que dá. Demanda profunda
conscientização política e dedicada educação cívica. Requer a disciplina
constante na vigília dos atos públicos, o trabalho minucioso de decidir com
critério quem vai receber nosso voto. E, principalmente, exige que exerçamos a eterna vigilância
Há décadas não fazemos nada
disto. Votamos rápido para ir à praia. Esquecemos rápido em quem votamos.
Alguns votam por interesses pessoais, para ganhar uma dentadura, para fazer
favor a um amigo, para de repente ganhar uma vantagem. Deixamos correr solto.
Elegemos e reelegemos com abandono figuras sombrias ou “salvadores da pátria”
cínicos e desonestos. Votamos “por protesto” em macacos e palhaços.
O que temos hoje,
assim, não é apenas um grupo de políticos corruptos no poder. É muito pior. É
todo um SISTEMA político corrompido, no qual ninguém ingressa sem pagar o pedágio de corromper sua alma. Cientes
de sua impunidade, oferecida de bandeja pelo desinteresse da nação, criaram um
planeta próprio, erigido em gabinetes municipais, antessalas estaduais e palácios
federais. Inexpugnáveis.
Enquanto não nos dermos
conta da nossa própria culpa e ficarmos transferindo o débito a eles, como se nos tivessem sido impostos
por marcianos, ao Governo ou até a
Pedro Álvares Cabral não chegaremos a lugar nenhum. Nunca.
Oswaldo
Pereira
Maio
2017
Imagino que na "$ociedade" do futuro não haverá governo. Nem governantes nem governados.
ResponderExcluirImagino que na "$ociedade" do futuro não haverá governo. Nem governantes nem governados.
ResponderExcluirO tamanho do Governo depende do grau de educação do povo. Um povo 100% educado precisa de 0% de Governo.
ExcluirLi em algum luga, que educar, psicanalisar e governar é impossível.
ResponderExcluir*lugar
ResponderExcluirEducar é governar com o olho no futuro. Mas dizem que há povos ingovernáveis. De Gaulle afirmou uma vez que é impossível governar um país que tem mais de 300 tipos de queijo.... Aqui só temos o Minas e o de Coalho...
ExcluirNunca mesmo! Concordo, meu caro. Um dilema para a geração dos nossos netos. Aquela dos filhos não tem mais tempo de ver o país em ordem. Uma sociedade permissiva e leniente, que não tem o menor apreço pelo destino da nação, concorre para grande parte de nossas mazelas e, como indicou, para a certeza dessa impunidade generalizada. E pior, em alguns casos ainda se vale dela. Mais grave. Como encerrou o seu "Papo de bar", não se enxerga com uma parcela da responsabilidade pelo caos nosso de casa dia.
ResponderExcluirPara esta geração, até a Esperança já foi desta para melhor. Para a dos nossos netos, só se começasse AGORA um gigantesco esforço de educação, ela teria chance de ressuscitar. Mas, não creio...
ExcluirPobre povo brasileiro que nunca se conscientizou que era necessario estar preparado para escolher seus governantes, assim não ficando à mercê dessa gang de corruptos.
ResponderExcluirVocê tem absoluta razão !
Deu no que deu !
Quelle tristesse !!!
Fifi
O jeito é dizer "Adieu tristesse" e se mandar...
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