domingo, 14 de maio de 2017

HISTÓRIAS MAL CONTADAS



Há já algum tempo que José Rodrigues dos Santos é um fenômeno literário português.  Invariavelmente, as vendas de seus livros superam a casa dos 100 mil exemplares. Para a grande maioria de brasileiros que nunca ouviram falar dele, Rodrigues dos Santos é também âncora do principal jornal televisivo da Radio Televisão Portuguesa e professor universitário.

Embora tenha eu muitas reservas ao seu estilo literário, que considero bem abaixo em termos de qualidade de outros autores contemporâneos, como José Luís Peixoto, José Eduardo Agualusa e Mia Couto, por exemplo, acabo sempre por lê-lo. Seu mérito advém de sua capacidade de criar boas tramas e colocá-las num ambiente plausível, mercê de suas extensas pesquisas. Rodrigues dos Santos, como professor que é, revela-se um incansável e minucioso adepto da investigação histórica, a que se dedica por incontáveis horas antes de escrever um livro.

Seu último lançamento chama-se Vaticanum e ocupa-se dos escândalos de corrupção que, em história recente, envolveram o Banco do Vaticano e seus dirigentes, com graves respingos na Cúria Romana. A história desenvolve-se através dos inúmeros indícios de improbidade financeira, suspeitas de ligações com a Máfia italiana e operações de origem fraudulenta e fins ilícitos levados a cabo pelo alto escalão da Igreja Católica.  Dentro de todo esse contexto, não podia deixar de aflorar a suspeição com relação à morte de João Paulo I. Com sua característica minúcia, Rodrigues dos Santos despeja nas suas páginas o rosário de incongruências e de contradições que cercaram o desaparecimento desse Papa, cujo férreo propósito era conhecido por todos – acabar com a corrupção no seio da Santa Sé.

Esta é uma das muitas histórias mal contadas que o consciente mundial acaba aceitando, apesar de pouco convencido.  Outras?

O assassinato de Kennedy. A explicação que o mundo engoliu, a versão do atirador solitário, a tal bala mágica que deu voltas no ar para atingir o Presidente americano e o Governador do Texas, a eliminação sumária de Lee Oswald, antes que ele fosse devidamente arguido.

O avião que “atingiu” o Pentágono em 11 de setembro de 2001, sem que haja uma simples câmara de segurança (o edifício, sede do poder militar do país, devia ter centenas delas ao redor) mostrando a cena, a inexistência de pedaços claramente identificáveis de uma aeronave nos destroços.

A “morte” de Osama Bin Laden, sem que seu corpo jamais tenha sido mostrado, a estorinha do ritual islâmico (?!) para o sumiço do cadáver do homem mais procurado de seu tempo.

Por que aceitamos estas “verdades”? Por que outras investigações acabaram por se esvaziar num pântano de pistas escamoteadas ou simplesmente caíram no abismo do nada?

Será que há alguém, algures, que controla isto tudo?

Mas aí, é só botar a Teoria da Conspiração para funcionar...

Oswaldo Pereira
Maio 2017


4 comentários:

  1. Porque tudo morre, até a morte. E tudo estará sempre cercado por invencionices
    A fábula dessa Humanidade perceptivelmente incompreensível.

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  2. Interessante que li sobre o acordar do Papa e a pessoa que o servia oferecer a primeira refeição. E ele dizer que não estava disposto.Outra dita foi dizer que ele morrera dormindo . Mas sempre a mesma coisa em relação ao ocorrido pela madrugada, a pressa em vestí-lo....Será sempre um mistério, terrível e triste para a Igreja.

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    1. O Vaticano,logo após a morte de João Paulo I, apresentou, em sequência, três versões diferentes sobre o acontecido. Mais tarde, desmentiu todas e forneceu uma versão "oficial", que até hoje suscita muitas dúvidas...

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