quinta-feira, 13 de abril de 2017

ALMADA NEGREIROS



Amanhã comemoram-se os 100 anos do “Ultimatum Futurista às Gerações Portuguesas do século XX”.  Este manifesto, um repto furioso à Sociedade de então, foi lido por seu autor, um jovem de voz alta e dramática no palco do Teatro São Luiz, em Lisboa. Seu nome era José Sobral de Almada Negreiros, nascido 22 anos antes na ilha de São Tomé.

A maioria das gentes conhece Almada Negreiros apenas por seu icônico retrato de Fernando Pessoa sentado à mesa de um café e desconhecem o artista total que ele foi ao longo de sete pródigas décadas. Desenhista, escritor, poeta, dramaturgo, pintor, conferencista, coreógrafo, além de ator e bailarino bissexto, quase sempre polêmico e contundente em tudo o que fez, Negreiros cobriu um arco de manifestações artísticas de que se encontram pouquíssimos paralelos na produção cultural do século XX.

Surgindo a público pela primeira vez em 1913, como caricaturista satírico na imprensa lisboeta, Almada Negreiros logo foi atraído pelo torvelinho vanguardista, despontando como a expressão mais reconhecida do futurismo em Portugal. Como todos os jovens talentos de sua época, foi mergulhar numa Paris efervescente e alucinada, onde tudo estava para ser experimentado por uma geração absorvida pelo nihilismo deixado pela catástrofe da Primeira Grande Guerra e pela vertigem da life in the fast lane, a vida em alta rotação.

Mas Portugal foi sempre o habitat de Negreiros, para onde ele voltou logo no início de década de 1920. Aí, seu multifacetado gênio explodiu num caleidoscópio de obras fantásticas, desde telas em que sua versatilidade o permitiu brincar com materiais que vão do óleo ao guache, à aquarela e ao grafite, até preciosas composições de painéis de azulejos e vitrais de igrejas. Simultaneamente, livros, ensaios poéticos e peças teatrais transbordavam de sua inesgotável força criativa. Esta força, em constante verter durante quase 70 anos, deixou para Portugal um imenso, vigoroso e extraordinário testemunho do fenômeno que foi Almada Negreiros.

Admirem.























Oswaldo Pereira
Abril 2017


6 comentários:

  1. Pouco ( insuficientemente, pelo menos )reconhecido até mesmo em Portugal. Seus painéis magníficos sempre me cativaram particularmente. Talvez porque,desde cedo, quando marinheiro, muito "tropecei" nos (exemplares aí em cima ) que decoram a "Gare Marítima de Alcântara" ...

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    1. A posteridade continua devendo a Almada Negreiros. Sua obra é gigantesca.

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  2. A turma do início do século vinte é de fato supimpa. Os quadros q vc mostrou já nos fazem lembrar, Duchamp, Portinari. Mergulhados na paixão da cor, e na investigação das estruturas do espaço é das formas. De fato alguns artistas descobrem outros mundos.

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    1. As décadas de 20 e 60 do "nosso" querido século XX viraram esquinas, torceram conceitos e abriram caixas e mais caixas de Pandora. Que conjunções estelares teriam causado isto?

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  3. Realmente fantástico. O uso de apenas três cores em seus trabalhos, o desenho, a composição são características fortes de quem é artista. E excelência nos desenhos,pintura e composição. O claro/escuro é outra característica.Vou procurar na internet pelos trabalhos dele.

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    1. Vale mesmo a pena pesquisar e entrar no mundo fantástico de Almada Negreiros.

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