Amanhã comemoram-se os 100 anos do
“Ultimatum Futurista às Gerações Portuguesas do século XX”. Este manifesto, um repto furioso à Sociedade
de então, foi lido por seu autor, um jovem de voz alta e dramática no palco do
Teatro São Luiz, em Lisboa. Seu nome era José Sobral de Almada Negreiros,
nascido 22 anos antes na ilha de São Tomé.
A maioria das gentes conhece Almada
Negreiros apenas por seu icônico retrato de Fernando Pessoa sentado à mesa de
um café e desconhecem o artista total
que ele foi ao longo de sete pródigas décadas. Desenhista, escritor, poeta, dramaturgo,
pintor, conferencista, coreógrafo, além de ator e bailarino bissexto, quase
sempre polêmico e contundente em tudo o que fez, Negreiros cobriu um arco de manifestações
artísticas de
que se encontram pouquíssimos paralelos na produção cultural do século XX.
Surgindo a público pela primeira vez em
1913, como caricaturista satírico na imprensa lisboeta, Almada Negreiros logo
foi atraído pelo torvelinho vanguardista, despontando como a expressão mais reconhecida
do futurismo em Portugal. Como todos
os jovens talentos de sua época, foi mergulhar numa Paris efervescente e alucinada,
onde tudo estava para ser experimentado por uma geração absorvida pelo nihilismo deixado pela catástrofe da
Primeira Grande Guerra e pela vertigem da life
in the fast lane, a vida em alta rotação.
Mas Portugal foi sempre o habitat de Negreiros, para onde ele
voltou logo no início de década de 1920. Aí, seu multifacetado gênio explodiu
num caleidoscópio de obras fantásticas, desde telas em que sua versatilidade o
permitiu brincar com materiais que vão
do óleo ao guache, à aquarela e ao grafite, até preciosas composições de
painéis de azulejos e vitrais de igrejas. Simultaneamente, livros, ensaios
poéticos e peças teatrais transbordavam de sua inesgotável força criativa. Esta
força, em constante verter durante quase 70 anos, deixou para Portugal um
imenso, vigoroso e extraordinário testemunho do fenômeno que foi Almada
Negreiros.
Admirem.
Oswaldo
Pereira
Abril
2017
Pouco ( insuficientemente, pelo menos )reconhecido até mesmo em Portugal. Seus painéis magníficos sempre me cativaram particularmente. Talvez porque,desde cedo, quando marinheiro, muito "tropecei" nos (exemplares aí em cima ) que decoram a "Gare Marítima de Alcântara" ...
ResponderExcluirA posteridade continua devendo a Almada Negreiros. Sua obra é gigantesca.
ExcluirA turma do início do século vinte é de fato supimpa. Os quadros q vc mostrou já nos fazem lembrar, Duchamp, Portinari. Mergulhados na paixão da cor, e na investigação das estruturas do espaço é das formas. De fato alguns artistas descobrem outros mundos.
ResponderExcluirAs décadas de 20 e 60 do "nosso" querido século XX viraram esquinas, torceram conceitos e abriram caixas e mais caixas de Pandora. Que conjunções estelares teriam causado isto?
ExcluirRealmente fantástico. O uso de apenas três cores em seus trabalhos, o desenho, a composição são características fortes de quem é artista. E excelência nos desenhos,pintura e composição. O claro/escuro é outra característica.Vou procurar na internet pelos trabalhos dele.
ResponderExcluirVale mesmo a pena pesquisar e entrar no mundo fantástico de Almada Negreiros.
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