O filme “Westworld” foi realizado em
1973. Custou 1,2 milhão de dólares e já rendeu acima de 11 milhões, ao longo de
mais de quatro décadas. Com um roteiro escrito por Michael Crichton (já então um
escritor de sucesso, cujo best seller “O
Enigma de Andrômeda” fora lançado dois anos antes) e dirigido pelo próprio
autor, virou cult. Na época de seu lançamento, a ideia de um
parque de diversões, em que androides construídos como perfeitas réplicas dos
humanos seriam anfitriões prontos a satisfazer qualquer desejo, foi uma bela
“sacada”. O mundo despertava para a cibernética user friendly, isto é, a desmistificação do uso do computador,
antes privilégio de analistas e programadores, e sua transformação em
ferramenta do dia-a-dia. Influenciado, segundo ele próprio, pelas
possibilidades que se abriam e por uma visita à Disneyworld, em que se
deslumbrou com os animatronics do
“Piratas do Caribe”, Crichton criou a sua ficção.
O filme acabou sendo pioneiro na
utilização, ainda que em forma primitiva, da computação gráfica e foi a
primeira vez que se usou a expressão virus
para descrever a “doença” que atacava os computadores internos dos
robôs. Some-se a isto a icônica
interpretação de Yul Brynner como Gunslinger
(o Pistoleiro), e a película encontrou seu lugar na História.
Quarenta e três anos depois, a HBO
resolveu beber na mesma fonte e recriar Westworld,
agora como uma requintada série de TV. Segundo o famoso canal, a produção
está destinada a ocupar o lugar do seu mais bem-sucedido seriado, o
extraordinário Game of Thrones, que
se encaminha para as últimas temporadas. Como já foram ao ar oito dos dez
episódios da primeira parte de Westworld,
dá para ensaiar uma crítica inicial.
Em primeiro lugar, fica um pouco difícil
compará-la com o filme de 1973. Embora a
trama central repouse na concepção imaginada por Crichton, a dimensão das duas realizações
estabelece dois patamares distintos. O filme teve a duração de 88 minutos. A
série terá dez capítulos de uma hora por temporada, o que facilmente poderá
significar mais de sessenta horas de exibição. No cinema, Delos (o nome do
Parque) oferecia três mundos aos seus
clientes. Roma, Idade Média e o Velho Oeste. Na TV, só existe o ambiente western, embora nada impeça que outras
variações, ou narrativas, para usar o
jargão do atual roteiro, venham a ser criadas. Há também uma versão (não
confirmada) de ligação entre os dois parques, segundo a qual o presente Westworld seria uma reconstrução do
antigo Delos, destruído, como o filme
mostra, por uma rebelião dos androides. Nessa
mesma vertente hipotética, o personagem vivido agora por Ed Harris (o Homem de
Preto) seria nada mais nada menos que o antigo Gunslinger de Yul Brynner.
Mas, se formos comparar Westworld com Game of Thrones, aí a coisa complica. Apesar de ambas contarem com
duplas de talentosos roteiristas (Lisa Joy e Jonathan Nolan pela primeira. Davis
Benioff e D. B. Weiss pela segunda), a fonte literária na qual uma e de outra buscaram
seus argumentos difere diametralmente. Guerra dos Tronos tem como âncora conceitual
a alentada obra A Song of Ice and Fire,
cinco volumosos tomos escritos por um verdadeiro gênio, o americano George R.
R. Martin. A única referência de Westworld
é o roteiro criado por Michael Crichton há quarenta e três anos. O que
implica na ausência de uma linha mestra de longa duração na administração criativa do tema.
A série é boa, não me levem a mal. É
esmerada e elegante, move-se num ritmo condizente com a trama intrincada, tem uma
trilha sonora instigante. A fotografia é primorosa. E conta com um elenco de primeiríssima
qualidade. Além de Ed Harris, lá estão Evan Rachel Wood, Thandie Newton, até o
nosso Rodrigo Santoro. Pairando acima de todos, o mago Anthony Hopkins.
Mas, daí a ser a sucessora do mundo
mágico de Westeros, da saga
insuperável dos Starks, Lannisters, Targaryans, Baratheons e outros, não sei não...
Oswaldo
Pereira
Novembro
2016
Estou curiosa mesmo assim.......
ResponderExcluirVai ter de fazer um intensivo...
ResponderExcluirSó vi o primeiro! E gostei menos do que esperava.
ResponderExcluirBoa a comparação com GoT. Não sabia que era aficionado!
Viu meus posts sobre o assunto?
Sim, li. Eu também escrevi uns três posts sobre GoT. Sou fã de carteirinha. Já li os livros do Martin e fui a Dobrovnik, a Sevilha e à Irlanda para ver os locais das filmagens. Bota aficcionado nisto...
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