Quando uma série como Game of Thrones chega a uma sexta
temporada, há que se valorizar os sobreviventes.
Deve ser a produção que mais generosamente dizimou seus personagens, desde
a surpreendente decapitação de um de seus primeiros heróis, o patriarca de uma
das Casas mais simpáticas da trama, Eddard Stark. Nem o fato de que Ned era
personificado pelo veterano e conhecido ator Sean Bean o livrou do cutelo logo
no início do jogo.
Daí para a frente, nem ibope, nem
torcida das legiões de seguidores, nem a fama de seus intérpretes era garantia
de permanência no mundo fantástico criado por George R. R. Martin. O script era implacável, seguindo à risca
a trama escrita, magnificamente, diga-se de passagem, por Martin nos cinco
alentados volumes de A Song of Ice and
Fire.
Assim, de permeio a cenas que entrarão
para a história da televisão moderna, reis, príncipes, damas, sacerdotes,
magos, vilões, mocinhos e bandidos sem distinção, foram sendo
abatidos sem remorso e, à aguardada exceção do bastardo Jon Snow, sem volta. De
costume, o último capítulo de cada temporada era particularmente cruel no índice
de artistas que se despediam do elenco.
Para os que, como eu, tinham lido a obra
de Martin, as mortes não constituíam surpresa, prenunciadas que eram na
narrativa original. Acontece que esta sexta temporada foi além dos livros
(Martin parou no quinto volume) e nos deixou sem referência. Dizem que os
produtores da série estão seguindo as orientações do escritor, cujo lento ritmo
criativo tem causado sérias palpitações a seus editores.
De qualquer maneira, a temporada que
terminou no último domingo não deixou nada a dever às anteriores, no quesito desencarne. Com um precioso upgrade. Enquanto que, no passado, a
maioria das eliminações era feita no varejo,
desta vez a coisa foi no atacado. Além
da colina de mortos na “Batalha dos
Bastardos”, Cersei Lannister, de uma só penada, detonou todos os seus inimigos mais próximos na espetacular
explosão do Grande Septo de Baelor. Magistral!
Desta forma, temos de reverenciar os que
conseguiram chegar vivos ao 60º capítulo da sensacional novela. Longa vida a
Sansa, Arya, Daenerys, Tyrion e, claro, Jon Snow! E, por que não, a Cersei e
Jaime.
Vocês são, sem dúvida, os SOBREVIVENTES.
Em tempo.
Dois Brexits
numa só semana. A saída dos ingleses de dois Euros (o Mercado e o
Campeonato) em rápida sucessão desafiou todas as previsões. Nem o mago Merlin
teria previsto esta dupla hecatombe. Ser eliminado pela Islândia é um feito
apenas comparável à primeira derrota do “English Team”, há 60 anos, nos
sagrados gramados de Wembley, por 6x3 frente à Hungria.
Naquele dia, pelo menos, havia a
atenuante de que a seleção húngara contava com gênios da estirpe de Hideguti,
Czibor e Puskas. Iria assombrar o mundo do futebol nos anos seguintes.
Mas a Islândia, vamos combinar... é um
time aguerrido, mas ingênuo como uma virgem nórdica. A derrota deveu-se muito
mais à péssima atuação inglesa do que ao esforço dos vikings. Nunca vi a Inglaterra jogar tão mal...
Oswaldo
Pereira
Junho
2016