ATENÇÃO: Texto com spoiler
A
receita dera certo. Um Diretor (apelidado na indústria cinematográfica como Midas Mendes) detentor de um Oscar, um Golden Globe e vários outros
prêmios, atores como Ralph Fiennes e Albert Finney juntando-se a um cast que já trazia a magnífica Dame Judi Dench para sua sétima
performance como a icônica M, uma
música-título arrebatadora, a volta dos clássicos personagens Moneypenny e Q, um vilão da pesada e um roteiro de primeira. E Skyfall, que custara a bagatela de 200
milhões de dólares, retornou aos cofres da franquia mais de um bilhão. Como bondmaníaco juramentado, fora vê-lo logo
na estreia e, ao sair do cinema, postara este comentário entusiasmado no Face:
“Alôo Bondmaníacos
everywhere...Não percam SKYFALL! Para mim (que me incluo há 50 anos na tribo),
é o melhor Bond em muitos, muitos anos. Tem Sam Mendes na direção e um 007
amargo e mais real, que transa com a Moneypenny, admite ter tido experiências
homossexuais, é reprovado na avaliação física e psicológica para voltar ser de
novo um agente com permissão para matar e volta às origens visitando a velha
casa dos pais. Quer mais? Tem Javier Bardem, Ralph Fiennes e Albert Finney. Q
agora é um adolescente nerd e M morre no final. E Daniel Craig, com sua cara de
espantalho, orelhas de abano e cabelo louro palha (chegou, no início, a ser
chamado de James "Blond"), confirma-se como um dos melhores Bonds de
sempre. IMPERDÍVEL.”
Era só repetir.
E
foi o que se tentou. Para o Bond 24,
manteve-se o Diretor, os escritores e os roteiristas, os atores que compuseram
o núcleo duro do Mi6, chamou-se o celebrado Christoph Waltz, a lindíssima
Monica Bellucci, e gastou-se a inédita quantia de US$350 milhões. Tinha tudo
para dar certo. E quase deu.
A
sequência de abertura de SPECTRE, começando
com um extraordinário take sem cortes
de 8 minutos, já é considerada uma das mais eletrizantes de toda a longa
história de introduções que fizeram a marca registrada da série. Tendo as
celebrações do Día de los Muertos na
Cidade do México como pano de fundo, a ação é filmada com refinados requintes
de beleza plástica dentro de um ritmo galopante e metricamente perfeito. É só
quando entram os títulos que conseguimos soltar o fôlego e saborear a
expectativa do que virá a seguir.
No
começo, a trama é envolvente, os novos
tempos da inteligenzia britânica
tentando colocar no seguro-desemprego os agentes 00, James Bond partindo para uma carreira solo e correndo atrás de uma pista deixada por Olivia Mansfield (nome da “M” interpretada por Judi Dench), o
reaparecimento de Mr. White, ausente em Skyfall,
um henchman de respeito (Dave
Bautista como Mr. Hinx) e a melhor citação do filme, sua briga com Bond no
trem, reeditando a emblemática luta entre Sean Connery e Robert Shaw em From Russia With Love (1963).
Mas,
de repente a coisa desanda. A muito propalada participação da bela Bellucci não
dura mais de cinco minutos. E a personagem Lucia Sciarra não diz muito ao que
veio. Depois, uma decepção. Christoph Waltz, magnífico como o Coronel Hans
Landa em Inglorious Basterds (premiado
pela Academia) e perfeito como o caçador de recompensas King Schultz em Django Unchained, não oferece a pegada de outros vilões inesquecíveis
como Auric Goldfinger (Gert Fröbe), Dr. Kananga (Yaphet
Kotto), Scaramanga (Christopher Lee),
Hugo Drax (Michael Lonsdale), Max
Zorin (Christopher Walken), Le
Chiffre (Mads Mikkelsen) e,
certamente, é pulverizado quando o comparamos com o Raoul Silva de Javier Bardem. Uma pena. E já tivemos
melhores Blofelds no passado, como,
por exemplo, Telly Savalas (em On Her Majesty’s Secret Service) ou Donald Pleasance (em You Only Live Twice).
O
golpe final vem do roteiro. A revelação de que Franz Oberhauser, irmão adotivo de Bond, é, na realidade, Blofeld, é um crime de lesa-Fleming. As origens, as características
físicas e a personalidade do arqui-inimigo de 007 estão muito bem detalhadas
pelo escritor no livro Thunderball,
escrito em 1961 e não há hipótese de que Ernst
Stavros Blofeld possa ter sido Oberhauser.
Uma sacada muito pouco verossímil dos roteiristas John Logan, Neal Purvis e
Robert Wade, reconhecidas “feras” da sétima arte. Uma falha lamentável.
Dá
para ir ver? É claro que sim. Afinal de contas, é um Bond e um fã como eu é até
capaz de vê-lo novamente. Mas, vão ficar devendo...
Oswaldo Pereira
Dezembro 2015
Gostei muito do filme. Prende o tempo todo, os personagens estão excelentes e as cenas emocionantes. Como você disse " é um Bond e dá vontade de ver novamente.
ResponderExcluirMas foi pena a Bellucci aparecer tão pouco...
ExcluirSim, é verdade, mas o filme nos prende todo o tempo e termna com aquela sensação feliz. Bem feito e bonito, claro com cenas que arrepiam.
ResponderExcluirOla Oswaldo
ResponderExcluirNão vi o filme ainda, mas já estou mais curiosa ainda considerando as suas observações.
Retornarei com mais comentários
Obrigado
Espero não ter estragado as "surpresas"... Aguardo os seus comentários. Grande abraço.
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