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dicionário. Anexim é sinônimo de adágio, máxima, apotegma, brocardo, epodo, prolóquio,
rifão, aforismo, axioma. Mais coloquialmente, ditado.
Convivi
com ditados desde a minha mais tenra idade. Eram a arma verbal que pais, avós e
tios lançavam mão para sedimentar ensinamentos duros de entrar nas cabecinhas
avoadas das crianças de então. Haviam-nos aprendido, também eles, de seus
familiares mais velhos, numa transmissão oral que se perdia nas gerações
anteriores, alguns oriundos das aldeias da Idade Média e fruto da sabedoria
adquirida pela observação da condição humana ao longo de séculos.
Não
sei dos outros povos, mas Portugal é pródigo em anexins. São milhares, um ou
vários para cada situação, seja ela ligada ao tempo e suas ações sobre a
natureza e os homens, à sorte ou à desventura, ao amor e à falta dele, ao
futuro, ao passado, ao presente. E cada um deles encerra um conselho, precioso
na medida que é produto de uma sabedoria acumulada na esteira de muitas
centenas de anos e transmitida pela repetição insistente, dia após dia.
Em
sua quase totalidade, são absolutamente verdadeiros. Como esses quinze que fui
recolhendo, ouvindo-os em serões ao pé do fogão de lenha em noites frias,
lendo-os em clássicos do Eça e descobrindo-os em cancioneiros tradicionais,
experimentando sua veracidade após, às vezes, ter duvidado dela. Basta lê-los com atenção,
talvez demorando em suas palavras, até que seu significado seja percebido por
inteiro e em perspectiva. Aí vão eles:
A
ventre farto, o mel amarga
Até
ao lavar dos cestos, é vindima
Arco
sempre armado, ou frouxo ou quebrado
Amigo
que não presta e faca que não corta; que se percam, pouco importa
Como
fizeres, assim acharás
Galinha
que canta, faca na garganta
Mais vale
um TOMA que dois TE DAREI
Mal
alheio pesa como um cabelo
Não
fales nada sem consultar a almofada
Não
há atalho sem trabalho
Não
mates mais do que possas salgar
Nem
sempre nem nunca
Olhar
para a uva não mata a sede
Quem
pássaros receia, milho não semeia
Um
dia não são dias
E ainda este, que reservei para o final. Não vem da idade média nem da época dos descobrimentos. Foi criado pelo poeta surrealista português Alexandre O'Neill na década de 1980, para uma campanha de segurança nas praias.
Há mar e mar, há ir e voltar
Mas, se olharmos bem para a mensagem podemos ver muito mais além. É a grande aventura da vida. Um mar chão, um oceano
em procela, um pélago profundo. Pode ser tudo. Só precisamos ter cuidado na
escolha do barco e manter os olhos na Estrela do Norte. Para não ter medo de
ir. E para saber voltar.
Oswaldo
Pereira
Agosto
2014
Caro Primo,
ResponderExcluirDe fato os ditados populares são de grande sabedoria, encerram verdades definitivas, aliás, são conhecidos como velhos ditados justamente por serem irrefutáveis e, assim, desde antanho mantem-se vivos. Em Grandes Sertões: Veredas, Guimarães Rosa desfia os muitos que aprendeu nos cafundós das Gerais. Um deles: "Vagunço quando não padece, amolece".
Abraços,
Geraldo
É isso, Oswaldo, são ditados populares e usados pelos escritores. Em nossa Minas Gerais nós os ouvíamos no falar dos professores e do povo. São eternos.
ResponderExcluirAbraço,
Cleusa.