sábado, 11 de junho de 2022

BOND 60 (21): THE SPY WHO LOVED ME (PARTE I)

 


The Spy Who Loved Me, o filme, é a primeira vez em que o roteiro se afasta completamente da obra original de Fleming. O livro homônimo do autor, décimo da série, foi um dos mais curtos (113 páginas) e escrito de maneira totalmente diferente. Nele, a narrativa é feita na primeira pessoa pela personagem Vivienne Michel, uma canadense à procura de aventuras. O título vem de seu relacionamento com James Bond (cujo aparecimento só acontece no terço final do livro), que a salva de uma situação perigosa. A produção cinematográfica, a terceira com Roger Moore no papel, usou praticamente só o nome.

O veterano roteirista Richard Maibaum, com a colaboração do romancista inglês Christopher Wood, teve de desprezar a história de Fleming e aglutinar uma série de ideias para criar um enredo que tentasse reverter a má recepção do Bond anterior (The Man With The Golden Gun).

Além disso, as filmagens atrasaram-se devido a problemas legais envolvendo a saída de Harry Saltzman da empresa, que vendera sua parte na EON para a United Artists.

A pré-sequência mostra o sequestro de dois submarinos nucleares (um inglês e um soviético). Os dois mais capazes agentes de ambos os lados, a Major Anya Amasova pelos russos e, evidentemente, James Bond pela Inglaterra, são acionados. Bond recebe sua convocação em seu habitat natural (num acolhedor chalé austríaco em ótima companhia) e parte para se apresentar ao MI6. Entretanto, ele é emboscado enquanto desce as montanhas de esqui e uma coreografada perseguição na neve tem início, que termina com uma das cenas mais conhecidas de 007: ele mata um de seus perseguidores e prossegue até um fantástico precipício, de onde se lança de paraquedas (vale a pena ver essa tomada neste  LINK   ).

Reunindo-se com seus superiores, Bond toma conhecimento, além do desparecimento dos submarinos, de que um sistema de rastreamento e direcionamento de navios militares foi roubado e está sendo oferecido no Cairo a quem pagar o maior preço. Por trás de todo esse esquema, está um biólogo marinho bilionário chamado Karl Stromberg, que descobre ter sido traído por alguém dentro de sua organização e que colocara o sistema à venda. Decidido a não deixar que a transação seja feita, ele convoca seu assecla, um gigante com dentes de aço chamado Jaws (uma alusão ao filme de Spielberg), para eliminar todos os que se envolvessem no negócio.  

No Egito, Bond se encontra com Anya, que também segue o rastro do sistema roubado (gravado numa espécie precursora de pen-drive) e os dois, naturalmente, se veem às voltas com Jaws. Num pitoresco cenário de ruínas faraônicas, ambos conseguem apossar-se do objeto e há uma troca de mãos, com cada um usado seus truques para enganar o outro.

Eventualmente, os serviços secretos russo e inglês resolvem juntar forças, com Anya e Bond sendo instruídos a trabalhar juntos. Os dois partem para a Sardenha, em cujo litoral se encontra uma gigantesca construção marinha chamada Atlantis, morada e fortaleza de Stromberg.  Mas Jaws continua no encalço dos dois e, num trem (mais uma vez...), o avantajado assassino luta contra 007. Perdendo, é óbvio...

ATLANTIS: A FORTALEZA DE STROMBERG


Disfarçados como um casal de biólogos marinhos, eles vão visitar Stromberg. O vilão, no entanto, já sabe das suas reais identidades e, terminada a visita, manda eliminá-los. Há uma animada corrida pelas estradas costeiras das Sardenha, com um helicóptero a serviço de Stromberg querendo atingir o Lotus Esprit dirigido por Bond. Só que o carro foi turbinado pela Seção Q do MI6 e, quando 007 avança por um píer e cai na água, transforma-se num micro submarino.

Em tempo: há alguns anos, um casal americano pagou 100 dólares pelo conteúdo de um armazém abandonado, só para descobrir posteriormente que, lá dentro e coberto por uma lona empoeirada, estava um dos nove Lotus usados na filmagem de The Spy Who Loved Me. Recentemente, Elon Musk comprou-o ao casal por U$ 1 milhão...

LOTUS ESPRIT


(continua)

Oswaldo Pereira
Junho 2022

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