Duas
pontas deste imenso arco que é a vida. Longevidade & precocidade protagonizaram
esta semana a dança cósmica que faz a nossa passagem por aqui um mistério e um
milagre.
Orlando Drummond, talvez o mais longevo ator brasileiro em atividade, faleceu aos 102 anos. A imprensa e as redes teceram os devidos elogios, lembrando seu icônico papel na também icônica “Escolinha do Professor Raimundo” (um programa que vem da era pré-TV) e a voz que deu vida em Português a dezenas de heróis dos desenhos animados. Mas, eu me lembro mais.
1950. TV em preto e branco e um só canal: a Tupi. Tudo ao vivo. E lá estava Orlando Drummond, fazendo o papel de um cineasta luso ao lado de Silveira Sampaio. Era um esquete sobre realizadores que sonhavam em fazer um grande filme. Drummond queria uma epopeia medieval de castelos e batalhas e acabou cunhando o bordão e mouros a subir a subir, e mouros a descer a descer... Há 70 anos...
Rayssa Leal subiu ao pódio desta Olimpíada para receber sua medalha de prata com treze anos. A medalhista de ouro também era da mesma idade. A de bronze, 16. Isto me fez pensar nas competições olímpicas da Grécia Antiga. Que idade teriam os atletas que buscavam a glória da coroa de louros? A vida era mais breve. Reis e generais eram pouco mais que adolescentes, heróis e semideuses também. Muito poucos conseguiam sobreviver aos 40.
Assim, a modalidade skate em sua estreia olímpica trouxe de volta a tenra precocidade dos estádios helênicos para os pódios do século XXI. Uma suave e balsâmica esperança para os nossos atribulados dias.
Oswaldo Pereira
Julho
2021