Algumas
conclusões minhas deste primeiro de maio.
Conclusão Um.
Ou os frequentadores das redes sociais já detêm uma tecnologia avançadíssima de computação gráfica, ou as centenas de imagens postadas das passeatas, mostrando logradouros importantes do país literalmente tomados por apoiadores de Bolsonaro são verdadeiras. Como eu não acredito na delirante primeira hipótese, devo concluir que, realmente, o povo foi às ruas.
Conclusão Dois.
Como a grande imprensa, mais uma vez,
não deu a um evento de grande magnitude nacional o espaço e as manchetes que o
acontecimento teria de ocupar, concluo também que esta imprensa definitivamente
não é profissionalmente honesta e trai sua função de informar por interesses
políticos.
Conclusão Três.
Tendo então como fato incontestável que as manifestações foram efetivamente de grande amplitude, de participação espontânea
e maciça de uma larga faixa da população, pode-se também deduzir que seu mote
ou seu lema representa o desejo e a mensagem de muitos brasileiros.
Então, como conclusão agregada disto tudo, percebe-se que há um recado. Um poderoso e inequívoco recado do povo. E é, também, um recado claro, sem necessidade de muitas análises e considerandos. O que veio ontem das ruas é uma mensagem de repúdio a uma Suprema Corte visivelmente imbuída de um protagonismo que não lhe pertence, de ministros explicitamente comprometidos com uma agenda política que não deveria ser usada para a tomada de decisões, um tribunal com um comportamento pouco isento, viciado e indigno.
O que o povo também disse foi da sua revolta contra um congresso que, perigosamente, se banaliza e se prostitui por qualquer vislumbre de negociata, que aposta no quanto pior melhor só para auferir vantagens pessoais e políticas. Contra uma pantomima de caráter eleitoreiro que transformou uma Comissão de Inquérito, que deveria ser séria e investigar todo mundo, numa competição de tiro ao alvo contra o Governo Central, quando se sabe que o tenebroso da roubalheira está nos Estados e Municípios. E, francamente, ter Renan Calheiros (?!) como Relator seria uma piada de mau gosto se ainda estivéssemos na época de achar graça.
O momento da piada já passou. E é isto que as ruas gritaram ontem. O recado está aí, quer gostem ou não. Ignorá-lo é cometer um terrível erro de avaliação. Não sei qual vai ser a reação dos nossos juízes supremos e dos nossos congressistas. Não sei se, na altura rarefeita de seus pedestais, terão ouvido o clamor e, se o ouviram, entenderam seu canto. Outros, muitos, irão se refugiar na retórica de chamar as multidões que foram às ruas de gado, sem se dar conta que há uma coisa incontrolável chamada estouro da boiada.
Por outro lado, há de se considerar que o recado, além de ser dirigido ao Supremo Tribunal Federal e ao Congresso, foi também dirigido ao Presidente. O hashstag Eu Autorizo embute, além de um apoio, um pedido que pode rapidamente tornar-se numa cobrança.
E aí?
Oswaldo Pereira
Maio 2021
Tomara que essa "autorização" por parte do povo não se concretize, pois me parece que não é a melhor nem a mais democrática solução. Mas que o STF e o Congresso têm brincado com o perigo, isso tem estado bem claro. Paciência tem limite. Um abraço, Oswaldo.
ResponderExcluirTambém preferiria deixar a decisão para as urnas (desde que auditáveis, é claro). Mas se esticarem a corda até o ponto em que isto não seja possível, aí não sei não...
ExcluirA Lei, bem como outras estruturas reguladoras estão em declínio no mundo e o que parece que as substitui é "apenas" circunstâncial.
ResponderExcluirQto ao elenco de atores provávelmente mal pagos para desfilar pela política precisa de um meteur en scene pois tudo que sabem fazer é olhar para a câmera. Nao demonstram estar ali por nenhum outro motivo. Os papagaios verde amarelos seriam mais eloquentes
O problema nacional é que os nossos atores políticos não são mal pagos e sabem exatamente o que estão fazendo lá...
Excluirtiro ao alvo, lembrei-me quando vocês cantavam na casa da Norma o Tiro ao Alvaro,que época Boa!bjs
ResponderExcluirTálba de tiro ao álvaro... bons tempos!
ExcluirAcho que a grafia é "tauba"
ExcluirCertíssimo, segundo o "Dicionovário" Português...
ExcluirNinguém torce pelo pior, mas o que não se aguenta mais é o desrespeito a um pleito democrático. Não é possível que não haja medida que possa conter essa suprema corte que passou a se sentir "suprema" por covardia de nosso congresso que se abaixou quando deveria ter afrontado decisões que invadiram suas competências. Infelizmente rabo preso gera dependência e isso é o que mais tem no congresso.
ResponderExcluirEspero podermos chegar até 2022 sem maiores sobressaltos do que os que já existem. O tempo dirá.
Existem mecanismos para destituir os membros do STF. Só que elas passam pelo Senado. Isto quer dizer que os mecanismos jamais serão acionados. O rabo preso não deixará. Então, as opções começam a estreitar. Daqui a pouco, só restará o artigo 142...
ExcluirSe essa foto é do 1º de maio e se isso foi o que aconteceu, é Fake. Pelo padrão dos frequentadores haveria pelo menos alguém de máscara, mas ninguém de máscara prova que essa e outras fotos foram habilidosas montagens que usaram imagens antigas e mixaram com recentes como se fosse mesmo real. No Rio, o sol esplendoroso de domingo ficou sob nuvens plúmbeas. E só como sentido geral, este governo é uma fraude completa, tentativa de golpe constante. Agora criticar pontualmente as decisões do STF que livraram o Lula e condenaram o Moro, objetivamente foram decisões indignas de um acadêmico de direito que ainda não entrou na faculdade.
ResponderExcluirEsta foto pode até estar desatualizada. Peguei Google só para ilustrar o texto. Mas, achar que as centenas de imagens que voaram por aí na web são fake, bem...
ExcluirAté a Globo admitiu que foi uma das maiores, senão a maior demonstração pública que já aconteceu por aqui.
É interessante como as cabeças funcionam. Um governo eleito por quase 60 milhões, que até o momento não adotou nenhuma atitude arbitrária, é considerado uma fraude completa com tentativa constante de golpe.
ExcluirMas viva a liberdade de opinião.
Qual seria a qualificação a ser dada a certos governos anteriores?