A ideia do Estado Romano ainda
era uma miragem de séculos à frente quando, em 753aC, as tribos do Lácio resolveram
instituir um colegiado formado pelos chefes de cada clã, os pater, cuja
missão era resolver questões comuns e unificar as leis e os costumes. Sua outra
atribuição era a de escolher o Rei, e substituí-lo nas vacâncias do trono.
Em 509aC, a Monarquia foi abolida e a nova República repousou seu comando legal e político no colegiado que, a essa altura, recebera o nome de Senado. A palavra deriva de senex, isto é, homem velho, indicando que o colegiado era, à semelhança dos antigos conselhos de anciãos, formado pelos mais idosos (e talvez os mais sábios) líderes da sociedade.
Entre aquele ano e 27dC, o Senado Romano foi o órgão supremo da República, promulgador e defensor das leis, gestor da coisa pública, garantidor do Estado e administrador da sociedade. Já no primeiro século antes de Cristo, o emblema SPQR (Senatus PopulusQue Romanus) era usado para demonstrar que ambas entidades, o Povo e o Senado, representavam a essência do poder e da hierarquia.
Com o advento do Império, a instituição perdeu muito de sua preponderância e, com o passar dos séculos, acabou se sujeitando ao domínio, por vezes tirânico, dos césares. De qualquer maneira, perdurou até a queda de Constantinopla, em 1453. Com mais de dois mil anos de existência, foi a mais duradoura instituição política da História.
Por que estou eu aporrinhando o juízo de vocês com este papo histórico? Porque eu tive a pachorra de tentar assistir por algumas horas, em dias separados, a transmissão ao vivo dos trabalhos da CPI. Para os afastados da atual realidade brasileira, a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) foi instituída no âmbito do Senado nacional para averiguar eventuais desmandos dos Governos Federal, Estaduais e Municipais no enfrentamento da crise sanitária causada pelo COVID-19.
Foi a oportunidade que eu, e espero que boa parte da sociedade pátria, tivemos para conhecer melhor as mulheres e os homens que ocupam hoje as cadeiras do mais importante órgão legislativo do país. E fiquei, na falta de outra palavra melhor, estarrecido. E triste.
Nem estou discutindo a necessidade da iniciativa. Após suportar meses e meses de um ataque cruel do vírus, que ceifou a vida de mais de 400 mil brasileiros, e com a propagação de notícias e inquéritos sobre a malversação de recursos destinados ao combate da pandemia e orientações desastradas sobre a maneira de combate-la, é evidente a necessidade de informar a população se, quando e onde houve desmandos e desonestidades.
Também seria evidente que essa missão fosse incumbida a pessoas isentas, comprometidas com a verdade, imbuídas de patriotismo e reconhecidas por sua honestidade. O que o Senado brasileiro infelizmente, na sua grande maioria, não é. E o que constatamos é um espetáculo proporcionado por políticos mais interessados em usar um palanque para se auto promoverem, vociferar diatribes eleitoreiras e distorcer a seu favor o andamento e o objetivo da Comissão. Ainda mais estarrecedor do que isto, é o palavrório pobre, medíocre, pedestre que usam para expor (?!) suas ideias e convicções.
Um filme de terror. E uma constatação de que, de senadores, esta palavra que remonta aos albores da civilização romana, eles nada têm.
Mas, a pior constatação de todas é saber que fomos nós que os lá pusemos. SPQB, Senatus PopulusQue Brasilianus...
Maio 2021
Simply fantástica, as always
ResponderExcluirGrazie, cara.
ExcluirE isso aí, Oswaldo, uma CPI interessada em saber se a cloroquina faz ou não ou efeito, mas deixando deixando de lado a verificação de onde foi parar o dinheiro distribuido a todos os Estados e Municípios. 'O tempora o mores'.
ResponderExcluirPois é. Hoje estive assistindo ao depoimento da Secretária da Saúde, ofensiva e preconceituosamente chamada pela esquerda e pela mídia venal de "Capitã Cloroquina". A médica deu um show de segurança e profissionalismo. Perto dela, pode-se notar mais nitidamente o comportamento patético de Omar Aziz e, especialmente, de Renan Calheiros. Este, imagine, começou a sessão falando sobre o Tribunal de Nuremberg(?!)...
ExcluirDesisti de vez de acompanhar a política. Mais mal que o vírus caso eu pegasse seria acompanhar a barbárie da nossa política.
ResponderExcluirbjs
Zezé
É mesmo um espetáculo degradante. E a grande mídia não fica atrás. Já desisti de assistir a qualquer canal brasileiro.
Excluiro pior de tudo e ver um imbecil compo o Bosta filho se metendo onde nao deve, defendendo o Bosta Pai e todos os idiotas do governo dele. Esse cara nao serve nem pra ser lixeiro, quanto mais um senador da pobre frepublica brasileira
ResponderExcluirDesculpe, caríssimo amigo, mas discordo totalmente. O pior não é isso. O pior é ver uma CPI ter Presidente e Relator sujeitos comprometidos com uma agenda política e sem o mínimo de isenção para o cargo, é ver que o objetivo maior de uma investigação desse tipo, que é averiguar a roubalheira que aconteceu nos estados e municípios, ser desprezado por uma bando de senadores medíocres e asquerosos, é ver um palhaço como o Renan Calheiros (?!) ameaçar os depoentes com um discurso calhorda sobre o Tribunal de Nuremberg, é ver uma mídia venal, preconceituosa e sem qualquer vestígio de seriedade profissional distorcer os fatos e ocultar a verdade. Isso siim, é que é o pior...
ExcluirMeu caro Jose Ricardo
ExcluirLonge do Brasil, longe da realidade. Cuidado com o que você lê na midia. O Brasil está bem melhor do que estava. Tenha certeza.