Gosto de um filme de super-heróis como
qualquer pessoa. Talvez, até mais um pouco, pois minha infância foi povoada por
eles, impávidos, formidáveis e invencíveis, salvando o Mundo nos pequenos
espaços das histórias em quadrinhos. Falavam por balões cheios de letras (menos
o Príncipe Valente que, para não atrapalhar a beleza ímpar dos desenhos de Hal
Forster, tinha seus diálogos escritos embaixo, como legendas) e lutavam pela
Justiça nos traços ágeis e cheios de drama de seus criadores.
Nos jornais, tinham uma seção exclusiva, com uma página inteira em que cada um realizava suas façanhas em tiras horizontais individuais, em preto e branco durante a semana e em cores nos suplementos dominicais.
Meu pai comprava O GLOBO, talvez até porque nele eram publicadas as aventuras de meus heróis preferidos. Brucutu, Fantasma, Mandrake, Flash Gordon, Buck Rogers, Ferdinando... um time da pesada, que eu religiosamente corria a encontrar no cair da tarde, ao voltar da escola.
Aos poucos, foram ganhando as telas, tanto as grandes como as pequenas. O problema é que, na época, nossa imaginação andava a galope, enquanto os efeitos especiais se arrastavam como cágados. No filme ou na TV, o herói perdia um pouco da sua aura, ficava menor do que parecia nos quadrinhos regados por nossa visão interior e os toscos esforços dos diretores de arte não conseguiam reproduzir, a contento, a pujança dos nossos paladinos.
Em 1977, isto começou a mudar. Star Wars foi o marco inicial. Com a computação gráfica agora voando mais rápido do que o Superhomem, os blockbusters cinematográficos puderam dar aos nossos heróis da infância seu justo pedestal. A partir daí, inclusive, muitos campeões inveteram a ordem, sendo criados diretamente no cinema, sem passar pelo estágio dos quadrinhos, ou para lá indo após terem vencido na telona.
Hoje, o estado da arte do cinema ficcional permite que coisas fabulosas atinjam um patamar de realismo verdadeiramente incrível. E os Super-heróis, além de salvar a Humanidade várias vezes, passaram a reinar supremos na indústria de entretenimento.
Mas, há equívocos. Um deles é o mais recente episódio da Mulher Maravilha. Com o título de Mulher Maravilha 1984 (por que? Alguma homenagem a George Orwell?), o filme é um exemplo clássico de como se pode gastar uma fortuna em efeitos especiais e em talentos como Pedro Pascal (o inesquecível Prince Oberyn de Game of Thrones) e construir um desastre conceitual desta magnitude.
O roteiro é uma lástima. Entende-se que se trata de um mundo ficcional e que a fantasia rege a ordem do Universo, mas há situações que nem assim são aceitáveis. Além disso, a Diretora Patty Jenkins erra na mão. O filme é longo, estica demais a história e exige de Gal Gadot dotes de interpretação que ela, apesar de ter o phisique du rôle e ter-se saído bem na dimensão dada ao papel em produções precedentes, não possui.
Fiquei com saudades de Lynda Carter e da telinha...
Oswaldo Pereira
Abril
2021
Viajei com você nessa retrospectiva. Só faltou Jerônimo, o herói do sertão, que, longe de ser um super herói, era até bastante humano e nos encantava pelo rádio. Abs.
ResponderExcluirMuito bem lembrado!! Agora fui eu a viajar. Aninha, Moleque Saci, Caveira e Chumbinho...Que saudades..
ExcluirAna, fiquei interessado no seu livro. E também na editora. Estou com dois livros prontos e não sei como fazer para publicá-los.
ExcluirCaro Primo,
ResponderExcluirQue boa notícia! Mais duas de suas obras indo para o prelo! Como admirador de sua pena já estou esfregando as mãos, em ansiosa expectativa.
Abraços,
Geraldo
Só não consigo encontrar que os publique. Conheces alguém?
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