Quer queiram quer não, estamos vivendo uma era de confrontos.
Não os grandes, que sempre foram os alicerces das profundas modificações, das
guerras que destruíram impérios e construíram outros, das cruciais reviravoltas
que mexeram com a História.
Estou falando do pequeno confronto, da divergência quase tribal
e de esquina, da discussão a varejo. Estamos, como nunca, na era da polarização
social. Até a primeira frase deste texto, quer
queiram quer não, já é uma introdução ao ambiente polarizado em que
vivemos.
Discute-se tudo. Da forma da Terra ao cabelo de Trump, todos os
assuntos são abordados de forma antagônica e oposta, bastando para isto
existirem duas pessoas tentando (em vão) comunicar-se. Há um estoque de argumentos
para ambos os gostos, provas e citações que se contradizem diametralmente, ditas
sempre em tom belicoso e no ritmo de quem
não está comigo...
O meio termo foi para as cucuias.
Ninguém procura, ou está minimamente interessado, em ceder terreno em suas
convicções. As palavras que abrem qualquer interlóquio, invariavelmente ditas
com alguns decibéis a mais, as famosas na
minha opinião, já anunciam que o que vem por aí é um dogma, uma verdade
monolítica e insofismável que não admite divergências.
Tudo hoje tem o fervor que antigamente era apanágio apenas das
paixões futebolísticas e das profissões de fé. Atualmente, até um mero
desacordo sobre o tamanho correto do colarinho do chopp tem o condão de suscitar arrepiantes libelos e longas
batalhas verbais.
Nos lugares onde antes procurávamos informação, o fato desapareceu da notícia. Na TV e na
Web, o que resta são as interpretações do
fato, tão distantes uma da outra quanto for a linha dogmática de quem as divulga.
Há um buraco no meio, e a verdade caiu nele.
Eu sei, eu sei... Tá todo mundo fechado em casa, ou
amordaçado quando sai, os abraços foram postos fora da lei, o álcool gel é o
perfume da moda. Há uma irritação globalizada.
Mas, mesmo assim, ou até por isso mesmo, acho que está mais do
que na hora de baixar a bola da agressividade, tentar ouvir antes de falar e,
já que não se deve estender a mão, fazer pelo menos um sinal, um aceno, um
polegar para cima. Algo que torne as mensagens menos abrasivas e cáusticas.
Relax, gente.
Oswaldo Pereira
Janeiro 2021
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirPerfeito...exatamente o que sinto e que me preocupa. Não existe mais diálogo,bate -papo, o que é muito triste.
ResponderExcluirTriste mesmo...
ExcluirDiz o meu neto, quando é preciso ponderar com ele, tipo assim, educa-lo minimamente e ele retruca:
ResponderExcluir" mas eu preciso ter as minhas prefioridades." ou seja, uma síntese de preferências e prioridades...ele argumenta! é mto moderno e veemente aos 7 anos rs. Fora da escola é difícil alfabetiza-lo. Diz q não precisa, porque gosta muito mais dos bichos q das pessoas. Quero viver para ve-lo de bigodes. Ele pp ja queria te-los agora. Entre 4 e 5 anos, pediu a professora em casamento com toda a devoção de um insofismável enamoramento. Esses adultos precoses são as nossas crianças hoje, a espera de daquele futuro do qual sentimos saudade.
Também tenho uma neta de 7 anos. Mora na Alemanha e já foi formalmente (por escrito) pedida em casamento por uma coleguinha de turma. Aos pais declarou que nada a impediria de se casar com ele. É a geração que irá dominar o mundo na segunda metade do século XXI. Que Deus os abençoe...
Excluir* precoce
ResponderExcluirObrigada por esse blog Oswaldo.Um "lugar" sóbrio, bem humorado e estimulante.
ResponderExcluirObrigado eu. Visite sempre. O estímulo me vem de manifestação como essa...
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