terça-feira, 12 de janeiro de 2021

RELAX!

 


Quer queiram quer não, estamos vivendo uma era de confrontos. Não os grandes, que sempre foram os alicerces das profundas modificações, das guerras que destruíram impérios e construíram outros, das cruciais reviravoltas que mexeram com a História.

Estou falando do pequeno confronto, da divergência quase tribal e de esquina, da discussão a varejo. Estamos, como nunca, na era da polarização social. Até a primeira frase deste texto, quer queiram quer não, já é uma introdução ao ambiente polarizado em que vivemos.

Discute-se tudo. Da forma da Terra ao cabelo de Trump, todos os assuntos são abordados de forma antagônica e oposta, bastando para isto existirem duas pessoas tentando (em vão) comunicar-se. Há um estoque de argumentos para ambos os gostos, provas e citações que se contradizem diametralmente, ditas sempre em tom belicoso e no ritmo de quem não está comigo...

O meio termo foi para as cucuias. Ninguém procura, ou está minimamente interessado, em ceder terreno em suas convicções. As palavras que abrem qualquer interlóquio, invariavelmente ditas com alguns decibéis a mais, as famosas na minha opinião, já anunciam que o que vem por aí é um dogma, uma verdade monolítica e insofismável que não admite divergências.

Tudo hoje tem o fervor que antigamente era apanágio apenas das paixões futebolísticas e das profissões de fé. Atualmente, até um mero desacordo sobre o tamanho correto do colarinho do chopp tem o condão de suscitar arrepiantes libelos e longas batalhas verbais.

Nos lugares onde antes procurávamos informação, o fato desapareceu da notícia. Na TV e na Web, o que resta são as interpretações do fato, tão distantes uma da outra quanto for a linha dogmática de quem as divulga. Há um buraco no meio, e a verdade caiu nele.

Eu sei, eu sei...  todo mundo fechado em casa, ou amordaçado quando sai, os abraços foram postos fora da lei, o álcool gel é o perfume da moda. Há uma irritação globalizada.

Mas, mesmo assim, ou até por isso mesmo, acho que está mais do que na hora de baixar a bola da agressividade, tentar ouvir antes de falar e, já que não se deve estender a mão, fazer pelo menos um sinal, um aceno, um polegar para cima. Algo que torne as mensagens menos abrasivas e cáusticas.

Relax, gente.

Oswaldo Pereira

Janeiro 2021

8 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Perfeito...exatamente o que sinto e que me preocupa. Não existe mais diálogo,bate -papo, o que é muito triste.

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  3. Diz o meu neto, quando é preciso ponderar com ele, tipo assim, educa-lo minimamente e ele retruca:
    " mas eu preciso ter as minhas prefioridades." ou seja, uma síntese de preferências e prioridades...ele argumenta! é mto moderno e veemente aos 7 anos rs. Fora da escola é difícil alfabetiza-lo. Diz q não precisa, porque gosta muito mais dos bichos q das pessoas. Quero viver para ve-lo de bigodes. Ele pp ja queria te-los agora. Entre 4 e 5 anos, pediu a professora em casamento com toda a devoção de um insofismável enamoramento. Esses adultos precoses são as nossas crianças hoje, a espera de daquele futuro do qual sentimos saudade.

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    1. Também tenho uma neta de 7 anos. Mora na Alemanha e já foi formalmente (por escrito) pedida em casamento por uma coleguinha de turma. Aos pais declarou que nada a impediria de se casar com ele. É a geração que irá dominar o mundo na segunda metade do século XXI. Que Deus os abençoe...

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  4. Obrigada por esse blog Oswaldo.Um "lugar" sóbrio, bem humorado e estimulante.

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    1. Obrigado eu. Visite sempre. O estímulo me vem de manifestação como essa...

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