terça-feira, 24 de novembro de 2020

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Mais um confronto racial. Como se não bastassem a guerra midiática em torno de lockdowns e vacinas, as vociferações pró e contra medidas e comportamentos durante a pandemia, as discórdias provocadas por eleições e fraudes, o tiroteio das fake news, os patrulhamentos do politicamente correto, os dedos em riste em torno da ideologia de gênero.

De repente, parece que a humanidade confinada e de máscaras resolveu brigar por tudo e por nada, com imprensa e redes sociais cavando um campo de batalha, onde trincheiras opostas despejam torrentes de impropérios e ameaças virtuais que terminam por desaguar em confrontos nas ruas e nas praças.

Será que nos tornamos violentos, de uma hora para outra? Será que a mansidão e a concórdia evaporaram-se num piscar de olhos, exatamente na hora em que chegávamos ao século XXI e deveríamos estar preparados para administrar nossa civilidade?

Lamentavelmente, a resposta é NÃO, para ambas as perguntas. A triste verdade é que sempre fomos assim. Faltavam apenas os meios para que a nossa ferocidade se revelasse no quotidiano. As antigas discussões com vizinhos ou as brigas de torcidas nas arquibancadas dos estádios receberam um up grade com a proximidade disponibilizada pela Internet. À distância de um deslizar de dedos ágeis na telinha de um celular, temos o rosto virtual de quem, certamente por implicância, ignorância ou simples maldade, discorda da nossa sagrada opinião. E tome de dislikes insultuosos e ofensas cabeludas.

Somos assim. Os dois milhões de anos de existência do homo sapiens não foram bastantes para abrandar a visceral marcação de território que está na base do nosso comportamento. Seja por poder, desejo ou crua inveja, a agressividade instintiva das cavernas ainda corre em nossas veias. É o metal de que somos feitos. É o nosso default...

Oswaldo Pereira

Novembro 2020

10 comentários:

  1. Gosto mto da ideia do
    Silêncio Eloquente. Pra que isso se de é preciso exatamente, continuar a escrever. Obrigada Oswaldo, pela convicção com q vc produz e prodicalisa suas idéias em seus textos.

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    1. Eu é que agradeço. Ter leitores fiéis é a dádiva com que todo aquele que escreve sonha.

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  2. É !... Mais ou menos isso: defeito de fabricação .... O intrigante é o somatório - talvez não desprezível - de altruísmos arquivados ao longo dos tempos.

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    1. Exatamente. Altruísmos estão infelizmente arquivados. E em "arquivos mortos"...

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  3. serão no futuro como sambaquis.

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  4. Somos feitos de contradição. O mesmo homem que é capaz de criar maravilhas é o mesmo que consegue, igualmente, cometer atrocidades. Convivência de opostos difícil e inevitável.

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    1. E as Religiões que, supostamente, deveriam controlar e diminuir essa nossa agressividade, têm dado péssimos exemplos ao longo da História...

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  5. Há os que nascem assim.Nem as amizades, o carinho de alguns,o ver e sentir o outro,o viajar para países desenvolvidos modifica o que podemos chamar caráter. PENSO, mesmo que não poderia dizer CREIO,que é o próprio caráter e não a influência de um ou outro e nem mesmo das circunstâncias que os rodeia.Sera' a pessoa que recebe muito e não consegue dar.

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    1. Receber muito e não conseguir dar... Este é o grande problema dos humanos. Na maioria das sociedades, SERVIR é apenas uma palavra.

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