JESUS ESTÁ VOLTANDO!...
Não, eu não me tornei messiânico nem estou em vias de liderar qualquer seita fundamentalista.
Estou falando como o rubro-negro de pai e mãe que sou. Sou aquele flamenguista histórico, que viu com estes olhos que a terra há de comer figuras mitológicas como Zizinho e Perácio envergando o manto sagrado. Vi também Biguá, Bria e Jaime, no tempo em que eram chamados de halfs, com a camisa de listas vermelhas e pretas (ainda sem número atrás), e Luis Borracha no gol de joelheiras, bonezinho e sem luvas. Década de 1940, caros leitores.
Então, o grito no início deste blog não é o aviso da segunda reencarnação do Cristo. O Jesus neste caso é o técnico português Jorge Fernando Pinheiro Jesus, treinador e condutor do time de futebol do Flamengo durante uma das mais espetaculares campanhas da história recente do clube. Sob sua batuta, e no prazo de pouco mais de um ano, conquistou 5 títulos (Libertadores, Brasileirão, Recopa Sul-Americana, Supercopa do Brasil e o Campeonato Carioca). Foram 57 jogos e a impressionante marca de 43 vitórias, 10 empates e somente 4 derrotas.
A saudade de casa e um irresistível convite do Benfica, onde também comandara uma época dourada, levaram-no de volta a Portugal. Mas agora, indicações surgem de que o retorno à terrinha não foi tão auspicioso quanto se esperava. Isso, e a lembrança da sua apoteótica consagração no calor do Rio e nos braços da maior torcida do Mundo, podem estar pesando na balança de uma decisão de regressar ao Brasil e à Gávea.
Para a proverbial imensa nação rubro-negra, nada mais alvissareiro. Sem Jesus, o time amarga a décima quinta posição na tabela de classificação do atual Campeonato Brasileiro. Sua volta é o sonho de consumo de todo torcedor do Flamengo. Eu, inclusive.
Seu eu fosse Jorge Jesus, entretanto, pensaria duas vezes.
É quase impossível repetir a coleção de títulos e o rosário de vitórias da temporada 2019-2020. Essas coisas não têm o condão de se sustentarem indefinidamente. Como se diz na pátria de Jesus, os dias não são permanentemente de sol na eira e chuva no nabal (o equivalente em português tupiniquim seria dias de chuva na horta e sol na piscina), isto é, sempre o melhor dos mundos. E o futebol é o inspirador por excelência de emoções exacerbadas. Já vi técnico ser idolatrado como um deus ao vencer um certame e, logo a seguir, tornar-se alvo de um ódio furibundo por perder três partidas em série, ou ser goleado por um tradicional adversário.
Como dizem os americanos you better quit while you’re ahead. É melhor sair enquanto se está ganhando.
Mas isto é problema dele, Jorge Jesus. Por mim, que venha. E que, pelo menos, nos resgate das gozações de tricolores, botafoguenses, vascaínos et caterva...
Oswaldo
Pereira