terça-feira, 14 de abril de 2020

POLÍTICA




A origem é polithea, isto é, relativo à polis. Os gregos definiram o sentido da palavra, mas sua prática vem das cavernas.

Qualquer aglomerado humano a pratica. E sempre a praticou. Os machos alpha estabeleciam seu território e sua reserva de fêmeas pela maneira mais primitiva de política, a força bruta. As tribos egípcias usaram o mesmo expediente, até se sofisticarem o bastante para criarem as dinastias faraônicas. A política transferiu-se dos músculos para o cérebro. Inteligência, instinto e ambição passaram a funcionar a favor de quem sonhava com o poder. E aí está o grande afrodisíaco da política. O poder.

Nada mudou, desde Ramsés até hoje. Disfarçada em miríades de fantasias, ela atravessou os milênios. Sob diversas formas, desde a democracia grega até o equilíbrio instável das sociedades do século XXI, a política reinou, ora bendizendo, ora amaldiçoando, a mais das vezes servindo-se a si própria, sobre a face da Terra. Não há, nem pode haver, qualquer associação humana, desde os menores núcleos familiares até as grandes nações, que não dependam de relações políticas. Faz parte do nosso DNA.

Assim, grandes convulsões mundiais são política levada ao extremo. Guerras, revoluções, cruzadas, levantes, qualquer grande distúrbio da ordem, levam em seu bojo um desígnio político. Ele pode ser a sua origem, ou o seu fim. Mesmo nas coisas insuspeitadas como tragédias ambientais ou cataclismos naturais espontâneos, em que motivos políticos possam não estar na sua gênese, eles certamente se manifestarão logo a seguir.

A pandemia do COVID-19 é uma convulsão mundial. Logo, também é um fenômeno político. Principalmente agora, em que cada vez mais se evidencia que o entendimento sanitário e epidemiológico do problema é quase zero. Ninguém sabe mais do que se está falando. Enquanto centenas de patologistas de renome mundial desmistificam a gravidade do vírus em si, governos aumentam o alarme e a severidade das medidas de confinamento. Enquanto vozes advertem que os estragos provocados pela quarentena horizontal serão muito mais nocivos e sombrios do que o da doença, autoridades médicas projetam curvas hipotéticas de imaginados “picos” e avisos precipitados sobre o colapso das estruturas hospitalares. A própria Organização Mundial da Saúde já mudou de posicionamento algumas vezes. Da premonição de apocalipse planetário, à recomendação de que cada país adotasse medidas de acordo com sua condição social e econômica e até a recente declaração de que o perigo está na transmissão caseira, houve de tudo. Ou seja, os sábios da OMS estão desnorteados...

Mais ainda, ninguém ainda soube explicar porque epicentros como a Lombardia, Madrid e Nova Iorque, centros de excelente nível cultural e econômico, apresentam números exacerbados de casos de contaminação e morte, enquanto que em regiões de extrema pobreza e esquálidos cuidados sanitários os números são diminutos. Ou a causa do crescimento da epidemia mesmo em lugares onde a quarentena começou há mais de quatro semanas.

Então, neste vácuo de certezas e neste fogo cruzado de achismos científicos e acadêmicos, a política, com todos os seus demônios, entra com força. Vale tudo. Manipulação de dados por uma imprensa comprometida, não com a verdade, mas com sua agenda partidária, inundação das redes sociais por enxurradas de fake news a serviço desta ou daquela bandeira ideológica, ocupação do espaço midiático por pretendentes oportunistas a dividendos eleitorais. O espetáculo é deplorável. Quando um médico conceituado como o Dr. David Uip, referência da profissão em São Paulo, se recusa a informar qual o medicamento que o sarou do coronavírus para não evidenciar os efeitos curativos da hidroxicloroquina, e validar a defesa do uso do remédio feita por Bolsonaro, temos a política no seu pior.

Oswaldo Pereira
Abril 2020

3 comentários:

  1. ... pois é né ? mas vazou. essa é "a Lei".
    Melhor então;( guardados os devidos limites da Lei Maior a que está escrita sabe Deus aonde, senão nas Constituições dos Paizes do Mundo, contar com a outra lei não menos implacável ou seja a lei do Desejo. Acho que a Humanidade está abrindo essa porta e terá que arcar com as consequências in lato, E in stricto senso. claudia ribeiro

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  2. Amigo desde que começamos com essa cantilena do vírus nossas opiniões a respeito são exatamente a mesma; tem coisa grossa por detrás, mas jamais iremos saber ou quem sabe num futuro longínquo.
    Deixando de lado a questão do que está por detrás do vírus eu gostaria que alguém me explicasse esses pontos abaixo numerados:
    1- Se dizem que metade das pessoas tem que adquirir o vírus para terem anti corpus por que então a quarentena? Deixem a turma de risco presa e soltem a moçada.
    2- A quarentena são quarenta dias como diz o nome ou são aqueles 15 dias montados para inglês ver da turma que foi transportada por 2 aviões da FAB vindos de Huan?
    3- Se é uma quarentena que seja feita como na cidade onde tudo começou pois nada funcionava. Aqui motoqueiros, supermercados,porteiros motoristas de ônibus, postos de gasolina, atendentes em hospitais e emergências várias, transportes em geral continuam atuando e fora do FICA EM CASA, Porque são imunes ao vírus?
    Sei que me estendi bastante, mas se puder responder aos 3 pontos você ou qualquer participante do blog eu ficaria grata. Bjs Zezé

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    Respostas
    1. Olá Zezé. Vou tentar responder. Por partes.
      pergunta 1: isto tem sido defendido por centenas de infectologistas. Só os políticos são contra, sabe-se lá por que motivos...
      pergunta 2: acho que o termo "quarentena" acabou servindo para designar qualquer período de confinamento
      pergunta 3: Como já se cansou de dizer, o vírus em pessoas jovens e saudáveis tem pouco efeito. A maioria passa pela infecção assintomática.
      Isto é o que sei, mas gostaria de receber mais opiniões...

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