Resillience
é
uma palavra muito usada no idioma inglês. Mas, sua origem é latina. Sua raiz
está no verbo Resilire, que se pode traduzir como ricochetear ou pular de
volta.
Na nossa querida língua portuguesa, sob
a forma resiliência, o verbete
adquire, na Física, o significado de “propriedade que alguns corpos apresentam
de retornar à forma original após terem sido submetidos a uma deformação
elástica”. Na linguagem comum, encontrei na Wikipedia
uma bela definição de resiliência:
capacidade
de o indivíduo lidar com problemas, adaptar-se a mudanças, superar obstáculos ou resistir à pressão de
situações adversas – choque, estresse, algum tipo de
evento traumático, entre outros.
Ou seja, a História da raça
humana. Resiliência nos fez sobreviver desde a saída das cavernas até hoje. Os
dinossauros também devem ter usado uma certa forma de resiliência para
prosperarem por 200 milhões de anos. Nós estamos aqui há 2, mas não me consta
que os lagartos gigantes que nos precederam compuseram sinfonias, escreveram
poemas, construíram pontes, foram à Lua e criaram sociedades regidas por leis. A
frase crescei e multiplicai-vos bem
que podia ser substituída por adaptai e
multiplicai-vos. Somos bons nisso.
Estamos numa hora em que vamos precisar
da nossa inesgotável capacidade de resilir.
Já fizemos isso várias vezes. A Peste Negra, as guerras mundiais, epidemias
devastadoras vieram e foram deixando rastros imensamente mais dolorosos e
trágicos. Várias projeções e inúmeros futuristas afirmam que
seríamos capazes de superar até uma hecatombe nuclear. O apocalipse não é nosso
feitio nem nosso destino.
O que
temos de enfrentar agora não é o coronavírus.
Isto já está sendo tratado e, pelo menos por alguma minoria, dimensionado corretamente.
O inimigo com quem teremos de lutar não é a epidemia. É o brutal pânico que foi instilado pelas
autoridades e pela imprensa mundiais. É a terrível desproporção das medidas
tomadas. É a disseminação de ações cujo efeito será infinitamente mais danoso e
cruel do que o mal em si.
Sem
precisar pensar muito, tentem imaginar o estrago que está em gestação, se essas
irracionais medidas perdurarem por mais algumas semanas. Já nem falo do
derretimento de poupanças e de investimentos individuais pela insegurança
instalada na Economia e o desabamento do mercado de ações. Estou falando de
negócios que são o único sustento de seus donos, de empregos que são o único
arrimo de famílias, de idosos que dependem desses familiares para comprar seus
remédios indispensáveis. Estou falando de gente que já vive em aperto
financeiro, que, como diz a sabedoria popular vende o almoço para comprar o jantar. Como irão sobreviver?
Há
mais. Se você junta toda essa inquietação e essa angústia ao confinamento,
temos um quadro explosivo. Quantas pessoas têm a felicidade de morar com
conforto? Quantas têm uma família funcional em casa e um ambiente de
tranquilidade em seu lar? Quantas têm um lar? Quarentenas poderão se
transformar em prisões domiciliares insuportáveis para muitos, com toda a sua
carga de solidão, neurastenia, desespero e depressão.
Para
isto, sim. Para isto teremos de contar com toda a nossa capacidade de superação
e resistência. Com a nossa resiliência.
Oswaldo Pereira
Março 2020
Eh! Eu estava mesmo comentando que a probabilidade de fecharmos o ciclo que um numero ímpar de deprimidos e enorme. Eu que moro sozinha, e não sou depressiva, estou inventando mil coisas para animar os outros e com isto me levantar também. Fazer exercício e importante também. Agora me diz como ficará a conta de água...e a de luz ja que todos estão em casa e tome de lavar mão..
ResponderExcluirJá pensou? Contas de água e luz aumentadas... Haja saúde...
ExcluirMto bom o aporte resistencia/resiliencia: o endereço certo do "retorno do recalcado" freudiano. Que façamos nossa análise via o Destino da Humanidade. Já passou da hora de discernirmos entre o que seja livre arbitrio e cidadania.Entre cultura, ciencia e capitalimo selvagem. The meanings off the reminicenses. O q está acontecendo, ja sabemos, mas não sabemos q ja sabiamos.
ResponderExcluirMuito bom...
ExcluirAmigo, concordo com tudo que você fala no texto.Acho que no outro artigo enviei um conto Sufi que fala do medo. Essa histeria toda tem que terminar caso contrario não morreremos do Virus, mas da falta de atendimento em outras áreas e veremos suicídios e muitas síndromes de pânico.
ResponderExcluirZezé
Pois é, caro amigo. A maioria dos governos mundiais provaram que, por incompetência ou motivação política, não sabem lidar com crises. Imagine com a que vem por aí, caso essa insanidade continue por mais duas ou três semanas.
ExcluirHá também um lado político envolvido em espalhar o medo e desviar a atenção:
ResponderExcluirAs manifestos em Hong Kong terminaram, Impeachment do Trump ninguém fala, O Trudeau no Canadá e o Macron na França com a impopularidade crescendo O Brexit na Inglaterra, os conflitos no Oriente Médio, o problema do aquecimento global e outros problemas políticos no mundo desapareceram por encanto abafado pelo virus. Há de se pensar por esse outro lado,não? Zezé
Poderíamos até agradecer a quarentena pelo ar menos poluído, pela diminuição dos decibéis nas ruas, pela limpeza das praias. O problema é que a contrapartida será um imenso desastre social.
ExcluirResiliência exemplar - a sua, por via da lucidez da escrita que nos oferece.
ResponderExcluirAbraço de parabéns.
José
Obrigadíssimo, caro amigo. Espero que esteja bem e aproveitando as delícias da quarentena...
ExcluirO que está-se demonstrando é que não temos anticorpos para lidar com o pânico e a histeria...
ResponderExcluirOlá Oswaldo,
ResponderExcluircomo sempre muito acertada a escolha da palavra Resiliência para focar este atual cenário, cauteloso em princípio para deter a expansão da epidemia, porem com efeitos colaterais e reflexos na economia desastrosos se não coibir os excessos de medidas. Èsta será a nossa capacidade de resilir.
Abraços
Emilio Gonzalo
Vários países já estão pensando adotar o confinamento vertical. A meu ver, esta seria a solução. Restringir a quarentena aos grupos de risco. E evitar a catástrofe social. Vamos esperar... Grande abraço.
ExcluirCaro Oswaldo.
ResponderExcluirBela escolha do título para seu texto sobre essa epidemia. A definição encontrada na Wikipedia, me fez lembrar a Batalha da Inglaterra (junho a outubro de 1940). Londres foi impiedosamente bombardeada pela aviação alemã. A população inglesa foi duramente castigada e vitimada. As resiliências de Churchill, dos civis e a da RAF, com sua bravura, venceram a Batalha. Recordando esse doloroso evento, penso que é hora de retomarmos as atividades econômicas, resguardando os grupos de risco, para que se evite um caos social de consequências imprevisíveis. Abraços. Zeca.
Exatamente, caro Zé. Se não houver bom-senso, só nos restará mesmo é a resiliência...
Excluir