Que interessante! De repente, todo
mundo, desde Chefes de Estado europeus até ambientalistas
de poltrona, passando por artistas alheios e pátrios, políticos verdes de
todas as cores, gente com cocar na cabeça a pensar que são indígenas desde
criancinha, jornalistas e comentaristas de todos os continentes, achou-se no
direito de declarar, peito estufado por um repentino amor à Natureza, que
entende de Amazônia. Aqui em Portugal, há jornais que abrem manchetes para
informar seus espantados leitores que o Presidente Nero Bolsonaro estava destruindo o pulmão do mundo. No principal telejornal do país, um repórter da
RTP, transmitindo de Mato Grosso do Sul, carregava na expressão facial para
mostrar uma queimada que ocorria atrás de si, declarando soturno: “a Amazônia está a arder”. Só que Mato
Grosso do Sul fica a uns 1.000 quilômetros de distância do Amazonas...
Menos, gente, menos.
É preciso entender que Amazônia é um mundo à parte, engloba uma
gigantesca área de 7 milhões de quilômetros quadrados (maior que a União
Europeia), seis países, vários climas, inúmeros habitats animais e quatro fusos horários. Como última reserva
florestal significativa do nosso planeta e repositório de incalculáveis
reservas minerais e vegetais, além de abrigar povoações silvícolas em estado
primitivo, a região exerce um fascínio que, além de tornar a preocupação com seu
futuro um nervo sensitivo no tecido dos debates internacionais, propicia a
criação de incontáveis mitos e lendas. Alguns deles:
.a
Amazônia é o pulmão do mundo
Não é. 99% da renovação ambiental gerada na floresta
é absorvida pela própria biomassa amazônica. Sua contribuição para a atmosfera
global é insignificante. O verdadeiro pulmão planetário são os oceanos e as
algas que neles existem. Esses mesmos oceanos cruelmente poluídos e
estrangulados pelos bilhões de toneladas de plástico atiradas ao mar,
principalmente pelos grandes poluidores europeus e pelos Estados Unidos.
.o
Brasil não tem política ambiental
Falso. A Agência EMBRAPA (Empresa
Brasileira de Proteção Ambiental), em recentíssima apresentação, divulgou os
seguintes dados:
A Área de Preservação Ambiental no
Brasil é de 257,3 milhões de hectares (equivalente a 15 países da comunidade
europeia). Somando 154,4 milhões de hectares de área protegida e outros 117,9
de reservas indígenas, este número corresponde a 30,2% de todo território
brasileiro. Só para efeito de comparação com outros países de dimensões
continentais, a Austrália preserva 19,2%, a China 17,0%, os Estados Unidos
13,0%, a Rússia 9,7%, o Canadá 9,5% e a Índia 6,0%.
.o
agronegócio brasileiro está acabando com a Amazônia
Errado. Novamente, vamos comparar. Mesmo
sendo o maior produtor global de grãos, a área de cultivo brasileira usa apenas
8% do país. Nos Estados Unidos, a taxa de ocupação é o dobro. Na Europa, esta
taxa de ocupação varia entre 50% e 70%.
Há uma afirmação, entretanto, que está
corretíssima. Existe, sim, um imenso e internacional jogo de interesses,
acobertado por uma capa espessa de protecionismo,
que vem protagonizando uma poderosa e ilegal corrida às riquezas amazônicas. E
isto não é de hoje.
Em 2004, estive eu em Manaus, para um
encontro com oficiais do Exército, no Centro Integrado de Guerra na Selva. Já
nessa altura, os comandantes militares da região externavam sua preocupação com
a delimitação de terras indígenas em zonas de fronteira que, por consequência,
ficavam desguarnecidas de supervisão policial e militar. Em várias
apresentações, os mapas de levantamentos geológicos mostravam que a maioria dos
sítios onde o subsolo era mais rico em minerais estratégicos coincidia com
aquelas demarcações.
Madeira, plantas medicinais, nióbio,
ouro, manganês, bauxita. E água, muita água. Isto e muito mais faz da Amazônia
a cereja do bolo da cobiça internacional. Por trás da retórica ambientalista de
um sem número de Organizações Não Governamentais (as ONG’s), grassa uma invasão
criminosa e silenciosa. O Brasil sofre uma infestação de ONGs. São 270.000 delas.
100.000 só na Amazônia. Qualquer pessoa em seu santo juízo há de admitir que
algo não está certo, principalmente quando se verifica que algumas organizações
são financiadas por grandes corporações multinacionais e até por Governos,
cujos líderes esquecem de olhar para o próprio umbigo e criticam abertamente o
Brasil.
Temos culpa? É claro que também temos. A
velha serpente da corrupção empeçonhou uma boa parte das agências e dos postos
de fiscalização, cuja função seria impedir e denunciar este vertiginoso saque.
Por isto tudo, as queimadas na Amazônia
disparam esta grotesca histeria de Macron & Cia. Há dois anos, as queimadas
foram muito mais extensas. Ninguém no mundo reparou. Como antes referi, em 2004
o alerta já estava ligado. Ninguém no mundo se importou. Invectivar contra Bolsonaro
é um expediente fácil. Pega bem junto aos já citados ambientalistas de poltrona. Mas, atenção. Enquanto alguns levantam
cartazes e gritam slogans, o Governo
brasileiro está enviando 46.000 soldados para conter o fogo da floresta e um
bom número de investigadores para abrir a caixa-preta de muitas ONGs.
Oswaldo
Pereira
Agosto
2019