Numa entrevista concedida à revista LIFE, logo após o fim da missão Apolo XI, Neil Armstrong, quando indagado pelo
repórter a que atribuía ele a férrea determinação que o guiara em sua vitoriosa
carreira como piloto e astronauta, respondeu que sempre acreditara na ideia de
que todo ser humano tinha um número finito de batidas do coração. E terminou
dizendo que seu lema era never waste any
heartbeat. Nunca desperdice qualquer delas.
Esta versão do motto latino carpe diem guiou
a vida de Armstrong desde sua infância numa cidadezinha de Ohio até sua morte
em 2012, aos 82 anos e culminou na madrugada do dia 21 de julho de 1969, no
momento em que, tirando o pé do degrau mais baixo da escada externa do módulo
lunar Eagle, tornou-se o primeiro ser
humano a pisar na Lua.
E eu, com os olhos grudados numa TV em
preto e branco, assistindo à cena, via também desenrolar na memória o fascínio que
o sonho da conquista do espaço havia exercido sobre a minha infância e juventude.
Faço parte da geração criada na magia das histórias em quadrinhos, dos mundos
desvendados por Flash Gordon, por Brick Bradford. O Superhomem e o Capitão
Marvel atravessavam as galáxias como quem ia ali na esquina e o que mostravam
era um universo intrigante e pleno de aventuras.
O cinema, ainda engatinhando seus
efeitos especiais, deslumbrava-nos com seu Techicolor
exagerado e seus canhestros monstros vindos do espaço profundo. Ao ver as
imagens entrecortadas dos primeiros deslocamentos de Armstrong num chão
cinzento, lembrava de mim em 1950, aos 10 anos, caminhando com meu pai após ter
assistido ao filme Destination Moon (Destino
à Lua) e ouvir seu vaticínio de que isto só seria possível no ano 2000.
Mal sabia ele que, apenas 19 anos
depois, estaríamos presenciando a promessa virar realidade. Temos a Guerra Fria
para agradecer. A ferrenha disputa por prestígio internacional entre russos e
americanos fez com que ambos os lados destinassem imensos recursos humanos e
materiais na corrida para a Lua e abreviassem o futuro.
E assim, naquela madrugada quente
(entenda-se, eu estava em Portugal) de 21 de julho, senti pela primeira vez que
eu fazia parte da raça humana, quando o locutor informou que, naquele momento,
um bilhão de pessoas, à época um terço da população terrestre, assistiam ao
mesmo momento pela televisão. Éramos uma só tribo. De 50 anos para cá, nunca
mais senti algo parecido.
Então, que os teóricos da conspiração me
perdoem. Não há a mínima hipótese de que aquilo tenha sido fake. Nem havia tecnologia para engendrar uma armação deste
quilate. Havia, sim, a competência extraordinária e a coragem insana da gente
que dedicou corpo e alma à maior empreitada da Humanidade até hoje.
Oswaldo
Pereira
Julho
2019
Existe a Lua e existe o Mundo da Lua. Me agradam muito as duas modalidades.
ResponderExcluirGosto mais do mundo da lua, com São Jorge e o dragao
Excluirrsrsrs
ExcluirAinda pretendo ler os compêndios de Sun Tzu sobre A Arte da Guerra.
Eu era mais novo (ainda sou, hehehe) e meu contraponto era Perdidos no Espaço e Jornada nas Estrelas!
ResponderExcluirE estava grudado na minha TV também
Estávamos no mesmo barco (ou na mesma nave....
ExcluirE principalmente no mesmo planeta. Ou não.
ResponderExcluirVi um filme no CineLeme sobre uma invasão marciana aos 12 anos que assombrou minhas noites por mto tempo. Qdo o ET chegou não passei nem na porta do cinema. Sempre que ele aparece nas telas da vida, viro o rosto.
ResponderExcluirNo meu caso, o que mais me assombrava eram as histórias da carochinha... Bruxas, madrastas, lobos, gigantes... E, quem era esta tal de Carochinha???
ExcluirTem na Internet.
ResponderExcluirMeu caro. De fato a maior empreitada da Humanidade. Esse evento extraordinário cumpria a promessa de Kennedy de fazer os Estados Unidos irem à Lua antes do final da década, em seu famoso discurso em maio de 1961. Na realidade, naquela quadra, os russos estavam na dianteira na corrida espacial em decorrência da Guerra Fria: em outubro de 1957, lançaram o satélite Sputnik I; e, em abril de 1961, colocaram, em órbita, a nave Vostok no vôo de Yuri Gagarin. O alerta americano foi disparado. E, com espetacular esforço tecnológico e material, os americanos suplantaram os soviéticos, naquela década, com o Projeto Apolo, culminando com a chegada na Lua em julho de 1969. Bela lembrança desses 50 anos. Zeca
ResponderExcluirObrigado Zeca pelo teu rico comentário. Me lembro ainda do Gagarin declarando após o voo orbital: "A Terra é Azul". Os americanos ficaram arrasados....
ExcluirExcelente texto, gostei muito .
ResponderExcluirInteligencia,certeza ,vontade,sonho,estudo,muito estudo,criatividade,dinheiro,persistência,dias e noites de trabalho e tanta coisa
ResponderExcluirmais levaram o homem chegar a pisar na LUA. São uns heróis. E, graças a eles nós pudemos acreditar no inacreditável.Kennedy acreditou. Sempre foram assim os Kennedy
sonharam, aprontaram e os últimos sairam para outros países. Sobrevivência.