Deu no GLOBO:
As
lixeiras laranjinhas da COMLURB têm sumido das ruas da cidade. Repórteres do
GLOBO percorreram 1,5 quilômetro da orla de Ipanema e encontraram apenas uma.
A
COMLURB alega que parte foi furtada ou vandalizada. Diz também que algumas
foram recolhidas para manutenção e serão repostas para o revéllion, as férias
escolares e o carnaval.
Melhor
pedir aos cidadãos que só descartem lixo em épocas de festas ou férias
escolares.
Esta última frase é um exemplo típico da
posição da mídia brasileira com relação a culpabilidades e responsabilidades.
Quer dizer, uma parte da população quebra, estraga, rouba e destrói um bem público
e o pequeno editorial empurra toda a culpa em cima da COMLURB. Isto, para mim, é
uma tremenda inversão de valores.
E isso vem de longe. O posicionamento
jornalístico (e estamos falando aqui de todas as formas de jornalismo, noticioso
e editorial, falado, escrito e televisivo) brasileiro segue a linha da santificação
do malfeitor, da glorificação do bandido, da glamurasização do ladrão romântico. Um episódio icônico foi o
tratamento dado a um dos assaltantes do trem pagador britânico, o inglês Ronald
Biggs, que aqui viveu foragido durante quase três décadas, bajulado pelos
informativos nacionais com status de
grande celebridade. Só voltou ao seu país no fim da vida, doente. E lá
esperava-o a pena e a prisão pelo crime contra a sociedade que havia cometido.
Continuando, não quero aqui dizer que a nossa
Polícia Militar seja isenta de problemas. Dentro da corporação, há,
sabidamente, elementos tão mal-intencionados como os criminosos que ela tem como
dever perseguir e prender. (Como
parênteses, quero revelar que, nas duas únicas vezes nas quais tive contato
pessoal em situação de emergência com policiais militares, uma delas num
momento de muita tensão durante um assalto ao prédio onde moro, o seu
comportamento foi de extrema competência e profissionalismo.) Sua atuação,
entretanto, nos sangrentos confrontos, que se tornaram o dia-a-dia de muitas
comunidades nos grandes centros, revela, às vezes, o despreparo de seus
soldados e oficiais e a truculência de seus métodos.
E, quase sempre, é só este lado negativo
que a nossa imprensa se compraz em divulgar, como se os pecados cometidos pela
PM servissem de absolvição para as ações dos bandidos.
Se queremos viver em segurança, é
preciso entender que o crime é uma ruptura da ordem. Nos países em que vivi
fora do Brasil, a sociedade percebe e aceita a noção de que, ao se propor
iniciar um comportamento que ponha em perigo ou traga intranquilidade aos
cidadãos, o indivíduo é responsável pela reação das forças de preservação da Lei,
que, afinal, são pagas por aqueles próprios cidadãos.
Assim, culpar somente a coitada da
COMLURB pela escassez de latas de lixo é isentar de responsabilidades aqueles
que as depredam e roubam. É contra eles que o pequeno editorial do GLOBO devia ter-se
voltado.
Oswaldo
Pereira
Dezembro
2018
Sim, sem dúvida.Ouve-se culpar a Comlurbe.Estive lá pedindo o corte de árvore em nossa rua e nada consegui. É complicado.Eles dependem da ordem de outros o'rgaos.Assim ficamos com o perigo de galhos enormes caírem sobre nos, nossos carros,as fiações elétricas e etc.
ResponderExcluir