O
que nos devia unir, está nos separando. O que a tecnologia da comunicação abriu
para o mundo, em vez de lançar pontes, está cavando fossos. As redes sociais,
cujo objetivo inicial era nos dar a sensação de estarmos juntos, de poder repartir
instantaneamente com o maior número possível de amigos as sensações de um
momento especial, vem-se transformando num campo de batalha, num canal onde
despejam-se toneladas de veneno digital cuja virulência assusta. Em todo o
planeta, os likes estão sendo substituídos
por mensagens de ódio e agressão toda vez que um assunto polêmico vem dividir
as opiniões ou questionar princípios.
Na
já pré-histórica época em que a Internet era apenas um sonho de ficção
científica, a comunicação, e um suposto confronto, fazia-se via carta, telefone
ou pessoalmente. Na versão escrita, o trâmite podia levar, dependendo da distância
entre os missivistas, tempo suficiente para que talvez a razão imperasse, e
abrandasse o teor da confrontação. Via telefone, ou cara a cara, havia a uma proximidade
que impedia, na maioria dos casos em função do receio de uma altercação verbal
ou uma resposta física, um posicionamento mais contundente. Hoje, a volúpia de
se estar no seguro de um quarto assombreado com um celular ou um notebook na
mão pode transmutar uma pessoa que, no convívio social seja até um modelo de concordância,
num avatar de truculência e agressividade.
É
claro que isto não é novidade, mas no recente, e lamentável, episódio da morte
da vereadora Marielle Franco, tenho percebido que a coisa adquiriu um perigoso
viés de polarização, cujo exagero tem levado a uma onda de mensagens extremadas
e acusações graves.
E
isto, na minha modesta opinião, tira o foco da questão.
Todo
mundo concorda que o assassinato de Marielle foi uma execução. E toda a execução tem dois ingredientes. Um motivo, que
pode ser um interesse contrariado, uma disputa de poder ou uma vingança. E um
mandante. E é também bastante óbvio que a mão que financiou este crime pertence
a alguém que se julga acima e a salvo do aparato de segurança do Estado brasileiro.
Achar
quem e por que, e com rapidez, é o que interessa. Senão, vai ficar esta
sensação de que existe um poder mais alto e mais forte do que a Lei, a Ordem e
o País. E aí, amigos, se isto for verdade, salve-se quem puder.
Oswaldo Pereira
Março 2018
Senão, vai ficar esta sensação de que existe um poder mais alto e mais forte do que a Lei, a Ordem e o País, (seu último paragrafo)
ResponderExcluirEsse sentimento já existe e nos é mostrado diariamente como verdadeiro Quando vi em Viracopos aquela operação sem um único tiro e em 6 minutos, fiquei perplexa e com a certeza de que a única coisa realmente inteligente e organizada no país são os Comandos Paralelos.
A comoção com a morte da vereadora foi desmedida por todos os lados; os ultra de direita matando mais uma vez a moça denegrindo sua imagem, e a esquerda fanática se aproveitando para dar seus recados e faturar nas próximas eleições.Como em 24 hs o Brasil inteiro faz homenagens, passeatas, protestos, ou seja tinham conhecimento dessa pessoa? Eu que acompanho a política não a conhecia de perto.
O que vi de ódio e radicalização nas redes sociais me deixaram em pânico.
Quanto aos resultados será que serão o retrato da verdade? bjs Zezé
O receio é exatamente este. Que a procura pelos criminosos (e, muito mais importante) pelos mandantes dê em nada. Aí teremos a certeza que somos reféns de um poder maior.
ExcluirSerá que serão ficou no mínimo esquisito parecendo letra de samba de breque.
ResponderExcluirSerá que tudo vai acabar, mesmo, em samba?...
ExcluirPela primeira vez um foco na nebulosa imagem que nossa miopia insuflada pelo ódio que campeia a Internet, não deixa notar os contornos. Gostei da abordagem. O pior é que essa polarização de esquerda direita, pode ser um insuspeitado ciume de um traficante mór, pela preferência sexual assumida da ex companheira. Coisa para Nelson Rodrigues. E pode ser que não seja nada disso. Tanto faz. A única coisa que realmente é, é um reflexo dos ódios que envenenam ambos os extremos, um lado esperando que outro morra pelo veneno do ódio engolido por si próprio. No fundo, cada parte quer a segurança, na dúvida se seremos um de nós o próximo a tombar. De que lado ninguém sabe. Como diria o Bardo, "There's the rub". Tombam também os que estão no meio do tiroteio e não têm nada com isso. Enquanto não houver a misericórdia pelo erro alheio, não haverá paz.
ResponderExcluirÓtimo comentário, caro Lustosa. Seria um belo artigo de jornal, se os jornais de hoje valessem a pena. Você tocou no ponto, e com maestria.
ExcluirSempre a velha frase......."dividir para dominar"....... esta semana mais se defeniu esse objectivo......estou profundamente assustada com a velocidade das coisas......S.Jose protegei este país...
ResponderExcluirSão José e todos os santos...
Excluir.....e as coisas parece que pioram a cada dia.... não há justiça este pais, a impunidade chegando
ResponderExcluirao seu limite.....
Já passou dos limites...
ExcluirLi bastante sobre este acontecimento e não tenho a mínima noção e a razão para o assassinato.Tantos motivos podem ser que eles se perdem no conjunto. É triste ver alguém com tanta vontade de agir.Tantos motivos para esta vontade, tanto amorosa ou política. E imagino que ela não se preservava. Estava num carro com um conhecido que, no momento a servia . Foi, para mim, um crime muito bem pensado e preparado.
ResponderExcluirPor isto mesmo,é preciso encontrar os mandantes e descobrir os motivos.E rapidamente.
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