Uma das perguntas mais
famosas da História foi proferida em 63 a.C. pelo senador romano Marco Túlio Cícero.
Quousque tandem Catilina abutere patientia
nostra? (Até quando Catilina abusarás da nossa paciência?), foi a pergunta
de Cícero num dos quatro discursos que fez, acusando Lúcio Sérgio Catilina de conspiração
para derrubar o Senado Romano.
Eu também tenho
perguntas.
Por que Temer colocou as
Forças Armadas numa fria, mesmo
sabendo que elas não estão preparadas, não foram concebidas e nem
constitucionalmente destinadas ao policiamento urbano?
Por que o Supremo
Tribunal Federal decidiu julgar o habeas
corpus de Lula, mesmo sabendo que não há nenhuma base jurídica para fazê-lo?
Por que alguns juízes desse
mesmo Supremo insistem em dizer que se trata de um caso individual, quando até
uma criança sabe que isto abrirá um guarda-chuva jurídico que irá beneficiar os
condenados da Lava-Jato?
Por que o tema da
prisão após a condenação em segunda instância, aprovada pelo Supremo em 2016 e
considerada um marco na luta contra a impunidade, volta agora à pauta?
Por que a Lula,
condenado em segunda instância e, sob todos os aspectos jurídicos, um ficha suja, é permitido promover uma ruidosa
campanha eleitoral?
Por que a Polícia
Militar do Rio insiste em adotar a tática do confronto, quando qualquer neófito
em artes militares aprende que a conquista de posições elevadas se faz pelo
cerco e não por um ataque frontal?
Por que até hoje, quase
três semanas após o acontecido, não se chegou a qualquer pista sobre a execução
de Marielle Franco e seu motorista?
Por que, afinal, a
Justiça considera como punição as prisões
domiciliares de condenados cujos domicílios
são verdadeiros palácios de conforto e riqueza?
Oswaldo Pereira
Março 2018