O filme Jackie tem como pano de fundo uma entrevista dada pela ex-primeira
dama algum tempo após a morte do marido. Esta entrevista, concedida na vida
real por Jacqueline ao jornalista da LIFE Theodore White, mostrou ao país ainda
traumatizado pelo assassinato de John Kennedy uma mulher disposta a eternizar a
figura mítica de um Presidente maior que seus feitos e a emoldurar seu breve
período no comando da Nação com a lenda de Camelot.
O filme aproveita para acentuar sutilmente
uma procura pela verdade, quando Jackie diz ao repórter que um acontecimento não se tornava “verdade” só
por terem escrito sobre ele. Na sequência, ela refere-se à televisão, à
época ainda na sua infância como fonte de notícias, como sendo a nova
garantidora da fidelidade dos fatos. As suas imagens dissipariam as incertezas
ou a distorção que relatos apenas lidos ou ouvidos poderiam causar.
É interessante, ou mesmo proposital, que
o filme, embora passando ao largo da polêmica que iria ser criada em torno do
mais divulgado assassinato do século XX, mencione de raspão sua inquietação
sobre um dos mais discutidos crimes da História Moderna.
Até hoje a morte de Kennedy é motivo de
suspeitas, teorias, desconfianças e dúvidas. A impressão é que a tal verdade tão idealizada por Jacqueline
nunca seja atingida nesse caso. E aí fica a pergunta. O que é mesmo a verdade? Ou ainda, mais
provocativamente, existe mesmo a verdade?
Sim, é claro que eu sei que um fato é
uma verdade. Mas um fato é um átimo de segundo. O que faz a permanência do fato
é o seu registro, por alguém que o viu ou o filmou ou fotografou. E ele só vai
continuar existindo na medida em que quem o viu o relate, com todas as
imperfeições interpretativas do ser humano. A partir daí o fato nunca será o mesmo.
No caso da foto ou do filme, o fator interpretativo passará para todos aqueles
a quem eles forem mostrados. Como esperar que a verdade sobreviva?
Estou escrevendo esta filosofia de fim
de tarde observando um poente de primavera nova da minha janela portuguesa.
É lindo... E isto é um fato. Será verdade?
Oswaldo
Pereira
Março
2017
Vivia eu no Rio de janeiro, e lembro-me perfeitamente como a tragédia buliu com o mundo. Gostei de ler ! És sempre muito especial a observar e a contar.
ResponderExcluirE até hoje procuramos a verdade sobre aquele dia...
ExcluirPois é Oswaldo, esse foi um fato cuja verdade foi até hoje muito bem escondida.
ResponderExcluirGrande abraço
Zé Correa
Os mesmos grandes interesses ainda persistem até hoje...
ExcluirGOSTEI DE FACTO DO FACTO DE AINDA ESCREVERES DE FATO VESTIDO. AINDA HÁ QUEM ESCREVA DE FATO VESTIDO, OUTROS NÃO. EU AINDA DE FACTO ESCREVO COM ORTOGRAFIA ANTERIOR AO ACORDO, É UM FACTO. MAS GOSTEI DE FACTO. ABRAÇOS
ResponderExcluirDe facto, o facto nunca andou pelo Brasil. Se lá andou, foi vestido de fato, que lá se chama "terno", embora não seja muito terno andar vestido com ele a 40 graus à sombra... E durma-se com um barulho destes...
ResponderExcluirLi muito sobre o assassinato e o livro de jornalista americano diz até o nome de quem mandou matar o presidente.O povo mostrava grande admiração pelo presidente.Fui até a casa onde Jackeline ficou logo após o assassinato e foi a casa onde o filho de Lincoln também passou a noite.O FILME NÃO TRADUZ O QUE FOI ESCRITO E SENTIDO NA ÉPOCA QUANDO A FAMÍLIA KENNEDY ERA ADMIRADA.o COMPORTAMENTO DO VICE NÃO DEMONSTRANDO SURPRESA OU EMOÇÃO E CONSEGUINDO A SUA POSSE IMEDIATAMENTE , FOI MUITO ESTRANHO.
ResponderExcluirIsto demonstra o poder de certos grupos. Tudo para eles é possível...
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