Há
tempos, escrevi um texto sobre a proliferação de bicicletas possantes na
ciclovia da Lagoa. E, há dias, uma reportagem televisiva tratava do mesmo tema
e noticiava que o problema era recorrente em várias outras passarelas espalhadas
pela orla da cidade. Terminava com uma informação desconcertante. Existe em
vigor uma legislação que proíbe a circulação de veículos de duas rodas, em
pistas compartilhadas com pedestres, que possam trafegar numa velocidade
superior a 25 quilômetros por hora. No entanto, a Guarda Municipal, responsável
pela fiscalização nesses locais, informava que, como falta regulamentação
adequada, não podia fazer nada além de, eventualmente, orientar os infratores
e apelar para a sua boa-vontade. Tipo: por favor, amigo, veja lá, etc.
etc....
Como frequentador da dita ciclovia nas minhas caminhadas matinais, há muitos anos, sempre convivi bem com a concorrência das bicicletas, desde que conduzidas com responsabilidade e dentro de uma velocidade razoável, compatível com a procura de um exercício saudável. De uns tempos para cá, tenho constatado a incômoda e perigosa presença de motorizadas mais aparentadas com lambretas e motocicletas do que com as singelas magrelas.
Ora, quem está montado numa coisa deste tipo não pretende exercitar-se. Em cima disso, a velocidade que desenvolvem supera de muito os tais 25 km/hora. É claro que isto não vai dar certo, além de ser, como informado na reportagem, inteiramente ilegal.
Esta é mais uma manifestação da mistura tóxica que envenena o tecido social brasileiro: a falta de educação do cidadão e o descaso das autoridades. Dificilmente uma sociedade progride, quando sua base de sustentação está corrompida por este veneno. Enchentes destruidoras, embriagados ao volante, edifícios que desabam, pontes que caem, moradores de rua, confrontos bestiais entre torcidas, cracolândias e favelas. A lista de tragédias é imensa e só faz crescer.
Só espero que a ciclovia da Lagoa, um dos lugares mais lindos do mundo, escape desta sina. O problema é: Como?
Oswaldo
Pereira
Março
2022
Amigo nem dá para comentar a barbárie que nos cerca, tamanho é o desmazelo geral..Zezé
ResponderExcluirE denuncia-los tem o mesmo efeito de, como uma magistral frase do filme Blade Runner, "tears in the rain"...
ExcluirDurante anos caminhei na orla da lagoa às 6 horas da manhã,tranquila.Tempo depois apareceram as bicicletas ao lado da calçada,e depois...na calçada.TERMINEI e fui caminhar na praia. ISSO É NOSSO QUERIDO E MARAVILHOSO RIO DE JANEIRO.HOJE caminho do Jockey Clube.
ResponderExcluirFaçamos o que é possível e o Rio AINDA nos oferece possibilidades!
ExcluirMeu caro. Com esse binômio trágico: "falta de educação do cidadão e descaso das autoridades", penso que o Rio não tem como escapar da sina que descreveu. E temos mais: vencido o primeiro espanto, esses eventos se tornam banais. Ainda lembramos do médico brutalmente morto na Curva do Calombo?
ResponderExcluir