Sempre fui um ferrenho opositor de qualquer forma de racismo. Em nome desta convicção defendi, no decorrer da minha longa vida, amigos e colegas meus de demonstrações de intolerância a cores e etnias.
O recente caso ocorrido numa partida da Champions League, em que os dois times abandonaram o campo em
repúdio a um alegado episódio de preconceito racial do quarto árbitro contra
Pierre Webó, membro da comissão técnica do Istanbul Basaksehir, adversário do
PSG, faz-me pensar.
Pelo relato da imprensa, o juiz teria se referido a Webó, que já
havia sido advertido com um cartão amarelo por reclamar acintosamente da
arbitragem, como “aquele negro ali”.
E aí eu me lembrei de um texto que escrevi em fevereiro de 2017,
intitulado MEDO DAS PALAVRAS, que transcrevo a seguir.
“Em um mundo que
progressivamente depende da comunicação, as pessoas passaram a ter medo das
palavras. Coisas que antes eram ditas com naturalidade, voando livremente no
cotidiano coloquial de gerações, foram de repente apanhadas por furores de reprovação,
enjauladas como bactérias perigosas, tachadas de ofensivas.
Não sei por que artes de uma memória culpada, certos vocábulos perderam sua inocência e, trancafiados por uma rigorosa censura, foram banidos da conversação ligeira. Tornaram-se párias, anátemas, injúrias. Alguns podem até, se ditos em alta voz e em público, servirem de base para ações penais e processos tenebrosos.
É claro que insultos e xingamentos são agressões verbais e muitas podem até levar a ofensas graves, de que todo cidadão tem o direito de se defender na Justiça. Um princípio legal que vem do tempo dos romanos. Mas, para existir o crime, tem de haver a intenção. Não é a palavra que isto determina, e sim o animus do ofensor, a sua vontade de aparelhar o vocábulo de uma intenção de ferir moralmente o ofendido.
Estou enchendo a paciência de vocês todos com este palavrório para dizer do meu espanto em saber que a palavra mulata está sendo vetada neste iminente Carnaval carioca. Cáspite!, para usar um termo muito em voga do tempo em que a mulata era sinônimo de rainha dos nossos sambas e marchinhas. A mulata sempre foi o símbolo da proverbial tolerância dos nossos descobridores com relação à raça, exatamente a ausência de preconceito que uniu lusos e africanos, neste proclamado caldeamento de etnias que é a marca da pele dos brasileiros.
Demonizar esta palavra, só porque algum energúmeno descobriu que mulata foi uma corruptela de mula em tempos de Brasil Colônia é o mesmo que, de agora em diante, colocar no Index o adjetivo coitado que, todos sabem, é o particípio passado no verbo coitar, um reconhecido sinônimo do verbo f..der. Coitado quer dizer, assim, ... você já adivinhou.
Mas, já que a moda é a dos eufemismos, e palavras antes inocentes viraram ameaças à paz social, eu, do alto dos meus 76 anos, vou reivindicar meus direitos. A partir de agora vocês estão proibidos de me chamar de Velho (conota coisas gastas, usadas, imprestáveis), Idoso (vem de ido, acabado, indica partida, desaparecimento), Senior (um inadmissível anglicismo, usado preconceituosamente nas entradas de cinema e nos cartões de transporte urbano), Coroa (termo que atenta não só contra a lógica, pois o que tem este adereço real a ver com idade?, como também insinua uma certa feminilidade), Tio (sou filho único e sobrinhos os tenho só por afinidade) e, em hipótese nenhuma, digam que estou na 3ª Idade. Terceira é sempre uma coisa inferior, terceira classe, terceira categoria, terceira divisão, terceiro mundo...
Nada disto. Se quiserem, tratem-me de jovem há mais tempo. Ou simplesmente pelo meu nome. Porque, se usarem algum dos termos do parágrafo anterior, eu chamo a Polícia...”
Oswaldo
Pereira
Sou da opinião que o melhor è chamar os bois pelo nome, está na "moda" como diz o JJ, trocar os nomes ás coisas....
ResponderExcluirDepende do boi...
ExcluirConheci vários bois e algumas de suas companheiras com lindos nomes:
ResponderExcluirCanadá, Olímpio, Festival, eles...
e elas, Açucena, Mimosa,
Via Láctea.
Quanto ao preconceito e o racismo, acho que não tem jeito , qdo não é de cá pra lá, é lá pra cá.
Rsrsrs... Exatamente.
ExcluirParabéns.ÓTIMO!!!!
ResponderExcluirObrigadíssimo!
Excluir"0TIM0. pARABÉNS!!!
ResponderExcluirPois é Oswaldo, a praga do 'politicamente correto' em breve nos manterá de boca fechada por dificuldade de encontrar palavras não ofensivas. Uma lástima.
ResponderExcluirPois é, caro amigo. Vamos nos comunicar por grunhidos. Aliás, como já acontece na Internet, com a profusão de tb's, vc's, msm´s e que tais...
ExcluirMuito bom Oswaldo.falar 3a.idade soa algo ultrapassado.Seria melhor falar a IDADE.Perguntar a idade é indelicado.DIGO: qual o interesse de saber a idade?Médico e qdo.emprego.Se precisar DIGA!
ResponderExcluirMinha tia-avó dizia que, quando perguntavam pela idade dela, respondia: sou do tempo em que perguntar a idade de uma senhora era falta de educação...
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