quinta-feira, 6 de setembro de 2018

TRISTEZA PROFUNDA

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Acho que já vivi o bastante para perceber que nenhuma sociedade poderá progredir sem Educação. Não conheço povo algum que tenha crescido e se desenvolvido, ou até sobrevivido, sem nela investir pesadamente, gerações a fio, privilegiando-a acima de qualquer outra atividade ou interesse. Para exercer a pleno a Democracia, por exemplo, necessário é que ela exista para proporcionar escolhas sensatas, garantir vigilância atenta e infundir o respeito à coisa pública.

Também não encontro país que tenha atingido um razoável patamar de Nacionalidade sem preservar com amor reverencial sua Cultura, e sem cultuar a sua História. Sem passado não há futuro. É uma frase gasta, eu sei, mas nem por isso menos verdadeira.

Assim, como qualquer brasileiro, ou mesmo qualquer pessoa com um mínimo de sensibilidade cultural, estou profundamente triste com a destruição do Museu Nacional da Quinta da Boavista.

Mas, a profundidade da minha tristeza é maior porque sei que estamos, mais uma enésima vez, diante de um ciclo. O que está acontecendo agora, Brasil afora, é novamente a repetição do que acontece toda vez que o país é golpeado por uma tragédia.

Primeiro choramos, nos espantamos e enraivecemo-nos. Depois, vamos procurar os culpados, e somos capazes de encontrá-los em todo lado. No caso do Museu, balões, falta d’água nos hidrantes, administradores relapsos, prefeituras e governos incompetentes, inspeções malfeitas ou relegadas, falta ou atraso de verbas. Muitos ou talvez todos têm culpa no cartório. Puníveis, portanto.

Aí, entretanto, vem a continuação do ciclo. O Tempo. Aos poucos, o assunto se esvai para o andar de baixo das notícias. Apesar dos anátemas furiosos, ninguém vai ser punido. Os belos discursos que prometem reconstruções e aportes generosos cairão na indiferença e as verbas prometidas serão desviadas.

E a vida vai continuar, até a próxima tragédia e um novo ciclo de comiseração provisória se iniciará. A medida curta da nossa memória se encarregará de nos condenar à sina pobre de um povo sem Cultura. E sem Educação.

Oswaldo Pereira
Setembro 2018  

8 comentários:

  1. Sinto a tua tristeza pois ali também estava parte importante da nossa história comum.bjs para ambos

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  2. Exatamente Oswaldo, nosso descaso com o passado vem se aprofundando, parece coisa orquestrada, zerar a história para reescreve-la de acordo com interesses ideológicos. A medida que as gera;ões se sucedem esse apagamento do passado inaugurará uma plebe ignorante e facilmente manipulável.

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    1. E este é o grande desígnio de quem quer o poder a qualquer preço.

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  3. Uma tristeza sem fim ,para Portugueses e Brasileiros.

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  4. O que mais acabou com nossa educação foi a falta de escolas onde se aprendem as matérias básicas, bem colocadas e cobradas pelos professores.Ai então os alunos estarão preparados para disciplinas que os colocarão em situação do aprendizado mais profundo que lhes dará a capacidade de escolher uma profissão. De uns vinte anos para cá, isso não aconteceu.Colocaram matérias soltas e os alunos ficaram sem base para escolha e sem base de aprendizado.OLHA que MEDICOS temos hoje, para falar só deles

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    1. Maus médicos, advogados analfabetos, engenheiros incompetentes... É esta a safra que estamos colhendo...

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