Atentados políticos não são raros. A partir da Antiguidade Clássica, assassinatos, ou tentativas de, permearam a evolução de
várias sociedades, alguns decisivos na mudança do curso de sua História, outros
trazendo até consequências planetárias. Desde quando os senadores romanos abateram
Júlio César, a polarização política tem sido a grande inspiradora de atos extremados,
cujo objetivo é fazer calar uma voz, extirpar um pensamento ou eliminar uma
filosofia pela força, quando o desespero da falta de argumentos ou de sensatez
obscurece a razão.
Independentemente, entretanto, de
qualquer motivação, o atentado, além de ser um crime, é uma forma truculenta e primária
de se expressar uma fé partidária ou um compromisso religioso. É o ponto mais
baixo do comportamento humano diante de uma ideia contrária, é a falência da
capacidade intelectual de se reagir a ou de contrapor com inteligência uma
proposta contrária ou um posicionamento adversário.
Mais do que isto, o atentado, venha de
onde vier, se reveste de características inaceitáveis como procedimento social.
Em primeiro lugar, é uma ação covarde. O
agente do atentado vale-se sempre da surpresa, apanhando sua vítima indefesa,
geralmente desarmada, negando-lhe qualquer possibilidade de reação.
Em segundo lugar, é uma ação estúpida.
Na maioria dos casos, o atentado provoca um efeito exatamente contrário ao pretendido
pelo atacante, mesmo quando tem como consequência a morte do atacado, cujas
ideias recebem a galvanização de seu martírio. Se o alvo sobrevive, sua força
multiplica-se pelo seu salvamento.
E, por mais que queiram revestir o ato
como ação de um lobo solitário, um atentado é, na grande maioria das vezes, a
parte final de um planejamento. Assim foi com Júlio César, vitima de um conluio
de patrícios, com o Arquiduque Ferdinando, abatido pela Crna Ruka, a Mão Negra sérvia.
John Wilkes Booth fazia parte de um grupo que desejava a continuação da Guerra
da Secessão quando alvejou Lincoln. Até hoje, existem fortes suspeitas sobre o
assassinato dos Kennedys e de Martin Luther King. Há, quase sempre, uma voz atrás
da cortina guiando a mão que empunha a arma.
Assim, eu acho que ainda há muita
história para contar sobre Adélio Bispo de Oliveira, o quase assassino de Bolsonaro...
Oswaldo
Pereira
Setembro
2018