Agora que a bola parou, a Europa acorda
para um verão com turistas demais, incêndios cruéis e uma pequena ressaca causada
pelo abrandamento das previsões de crescimento para 2019.
Mas, o assunto do dia é Donald Trump.
A cimeira de Helsinque tocou nos nervos
do Mercado Comum. Enquanto nos Estados Unidos a imprensa democrata (e alguma
republicana também) fala da subserviência do Presidente americano ao Czar
Putin, e toda a aparelhagem da teoria da conspiração municia as redes sociais
com tenebrosos porquês de tal
submissão, os europeus tentam ler a mensagem real da situação.
E descobrem que o “America First” do
discurso inaugural não era só retórica. Trump está disposto a reverter anos de
mão única nas relações comerciais entre os dois continentes, durante os quais
os Estados Unidos mais que generosamente suportaram um certo protecionismo das
democracias ocidentais europeias. O irmão grande yankee, desde os tempos da Guerra Fria e preocupado com perigo
soviético, custeou a maior parte da fatura da NATO, prodigalizou acordos
tarifários extremamente favoráveis à Europa e acarinhou o clube europeu
importando seus carros, bebendo seus vinhos e gastando tsunamis de dólares na Côte d’Azur e adjacências.
Agora, tudo é diferente. O inimigo de
ontem virou capitalista e quer participar da grande mesa do mercado
internacional. À Rússia de Vladimir interessa o mesmo que à América de Donald.
Comer pelas bordas o prestígio e a importância do Mercado Comum,
desestabilizando-o, endurecendo o jogo comercial e, se possível, tentando
desintegrá-lo. O Reino Unido já fez o seu primeiro grande favor com o Brexit. E as eleições recentes na
Itália, onde uma coalizão impensável há seis meses chegou ao poder, atiraram
mais lenha na fogueira. Alguém ainda duvida da eficácia de um ataque
cibernético para influenciar votações? Cada vez há mais indícios disto nos
Estados Unidos. O que dizer de Áustria, Holanda, Polônia...
Mas, o que vem unindo Donald e Vladimir
não é uma quizília contra o Velho Mundo. E tampouco devem ser os roteiros que
implicam Trump em negociatas com máfias russas ou escapadas com louras
moscovitas. O que os une é o temor. Temor a um fator que pode (e irá) baralhar
tudo o que conhecemos de relações internacionais. A China.
Num dos meus primeiros textos neste blog, escrito há quase cinco anos, eu
dizia que qualquer previsão para os próximos dez anos, para qualquer atividade
comercial, militar, artística ou desportiva, tinha de incluir o fator China
como determinante. Há pouco mais de um ano, os chineses consolidaram um poder
incomensurável nas mãos do presidente Xi Jinping. Isto quer dizer que o país
tem uma liderança forte, que poderá conduzi-lo a assumir seu papel como a maior
potência do planeta até meados deste século.
Oswaldo
Pereira
Julho
2018
Penso que bem antes de meados deste século. Lá pelos 30´s . Se, claro, as trumpices e a fome em vastas zonas do mundo não nos mandarem de volta às cavernas. Ou, pior, à companhia dos símios nos galhos das árvores ...
ResponderExcluirCoitados dos símios...
ExcluirE o Yang Tsé? Continua morrendo?
ResponderExcluirNão sei, mas este é um dos muitos problemas com que a China vai-se deparar enquanto escolhe seu futuro.
ExcluirOswaldo;como habitualmente você bem escreve e com muita observância a China já é uma presença econômica forte.Não há como impedir que ela possa ser uma primeira potencia
ResponderExcluirbrevemente .O Donald não quer perder o império e o Vladimir ,novo capitalista, quer abocanhar o que pode.
E nos como ficamos continuaremos comprando eletrodomésticos made in China ou importando mais vôdka?
De um jeito ou de outro vai ficar mais difícil a menos que incentivemos a exportação de alimentos deste Brasil prodigioso por natureza.
Abraços
Emilio
Caro Almirante, a questão é que, tanto os Estados Unidos quanto Rússia e a China têm lideranças fortes. E nós?...
ExcluirA fala do Sr.Emilio traduz,para mim , o que está acontecendo entre , abertamente digo porque outros países também se interessam por esta política. É aquilo: cada um puchando a sardinha para seu lado.E, nos,como ficamos ?????
ResponderExcluirNós? Pelo pouco que vi do debate entre os candidatos à Presidência, vamos ficar muito mal...
ExcluirHá candidato que tem pessoas junto a ele com capacidade de ajuda para um governo que nos colocará em condições de salvar nosso país.
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