Mais
um fim de mundo que falhou. Como na piada já viralizada no Face, eu fui a todos. 2000, 2002, 2012, 2015... Para o da viragem
do milênio, escrevi até um conto, “Conversa no Theatro”, que, como todos os
outros contos meus, sofre as penas do desterro, exilado dentro do meu e-book “Livro de Contos”, aqui mesmo nas
colunas laterais do meu blog. Se se
sentirem penalizados pelo seu ostracismo, permitam-se uma olhada. É só clicar
na capa do dito livro e percorrê-lo...
Mas,
voltando ao apocalipse prometido para o passado dia 23, a aguardada conjunção
de sete corpos celestes (Sol, Lua, Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e a estrela
Regulus, da Constelação de Leão) iria desencadear uma série de perturbações
celestiais. Falava-se até no aparecimento de Nabiru, um planeta rogue do nosso Sistema Solar, e de uma
possível colisão sua com a nossa Terra.
Outra
escola de estudiosos dos humores do orbe assegurava, entretanto, que o raro
alinhamento não determinaria o Armagedom,
e sim o início de uma era universal de entendimento e paz. O propalado “fim
da escuridão”.
Bem,
até a hora em que escrevo estas pachorrentas linhas, o mundo não acabou. O céu
azul e as gaivotas que vislumbro da minha janela confirmam esta certeza. Assim,
uma parte das profecias deu chabu. E
o outro vaticínio? Será que entramos numa Era de Aquarius do Bem?
Conferindo.
No mesmo sábado 23, o Ministro das Relações Exteriores da Coreia do Norte
discursou no plenário da ONU. Disse poucas e boas contra os Estados Unidos,
enquanto que distúrbios geológicos davam a entender que um grande teste nuclear
tivera lugar no norte da península coreana. Especialistas indicam que,
possivelmente, Kim Jong-un já conseguiu seu brinquedinho atômico.
Um
dia depois, Angela Merkel confirmou sua vitória nas urnas, mas a Alemanha
acordou na segunda com a incômoda notícia do crescimento histórico da extrema direita,
o que transforma os próximos anos de Merkel no poder num pedregoso caminho de
alianças instáveis. Para a Comunidade Europeia, a braços com o Brexit, com um Catalunha-exit em gestação, um Macron caindo pelas
tabelas da popularidade, países construindo muros anti-refugiados enquanto
Grécia e Itália se abarrotam deles, uma Alemanha com entraves políticos é tudo
o que não se precisa.
Neste
mesmo fim de semana, Trump conseguiu a insuperável façanha de se indispor com TODOS
os jogadores da NFL e da NBA. Disparando twitters
a torto e a direito, além de brigar com Stephen Curry, uma das maiores estrelas
do basquete americano, sugeriu aos donos dos clubes das duas ligas que
despedissem os jogadores que não se levantaram durante a execução do Stars and Stripes Forever. Como a maioria
dos atletas são negros, e todos os donos de clube são brancos, a imprensa anti-Trump
já levou a coisa para o lado racial.
Na
Venezuela, Maduro ainda não apodreceu graças ao apoio de uma parte da população
e, claro, das Forças Armadas. Mas é evidente que a corda se estica cada vez
mais. Questão de tempo. Tempo também é o que corre para Michel Temer, sem
cacife político e credibilidade para fazer passar as reformas de que o Brasil
precisa para sair do atoleiro estrutural em que se encontra. Com o Governo
falido, a classe política corrompida e o povo dividido, a saída para um futuro
menos tumultuado parece cada vez mais distante. Ou não, se é que me entendem...
Com
este quadro, a nova Era nascida da conjunção estelar parece ratear logo no
início. Vai ser preciso alinhar mais planetas...
Oswaldo Pereira
Setembro 2017