Estou no lado Primavera do mundo. E aqui
estive desde o início do mês passado, mudo e quedo diante de um planeta que, de
uns tempos para cá, tem inventado coisas que me deixam sem palavras.
No entanto, as palavras, essas, vêm aos
borbotões, extravasando pelas bordas das redes sociais, sem peias nem censuras,
espalhando-se como formigas de uma imensa colônia, levando as notícias já
interpretadas, comentadas e, como não podia deixar de ser, distorcidas pelo
humor pessoal de quem as dispersa pelo universo.
Hoje, sabemos o que se passa ao minuto.
Os smartphones nos acordam a cada
momento com seus pings apressados,
revelando desde a interrupção de um cotidiano do outro lado desta bola azul a
que chamamos Terra até a mais recente receita de pãozinho de leite da tia Joana.
Tudo é notícia.
Como escrever num mundo assim? Que
assunto posso eu cogitar cujo interesse consiga arrebatar a atenção de um
leitor atormentado pela enxurrada constante de sms’s, bate-papos no WhatsApp,
recadinhos no Twitter e em outros
salões virtuais de comunicação, cujos nomes me escapam e me deixam inquieto.
Que futuro temos nós articulistas,
blogueiros, colunistas, num cipoal de informações ao segundo, velozes e
invasivas? Chegaremos sempre depois da notícia, oferecendo frases de segunda
mão, pratos já frios, tardios e irrelevantes, montados em asnos enquanto todos
já partiram em suas naves espaciais.
Não podemos mais competir. O que
falaremos ou escreveremos irá para um arquivo morto. Soará como uma cantiga envelhecida
e avoenga, cuja música quase inaudível se perderá no torvelinho vibrante dos
cliques e da movimentação frenética dos polegares em cima de teclados
iluminados.
O
tempora! O mores!,
diria Cícero se cá estivesse. Aliás, talvez nada dissesse e sim mandasse célere
uma mensagem digital aos senadores, com uma selfie
sorridente...
Oswaldo
Pereira
Junho
2018
Dear Oswaldo
ResponderExcluirAnyway it is always amazing, interesting and lovely reading
your blogs. Please keep on doing it, I beg you. With my dearest
Thank you, dear. These words from you are the incentive every writer needs...
ExcluirRegards.
ResponderExcluirUn forte abbraccio, Gianna
Anche per te.
ExcluirMuito bem diagnosticado!!!
ResponderExcluirMas seguimos firmes!!!!
Estamos juntos!!!
BLOGUEIROS UNIDOS JAMAIS SERÃO etc. etc....
ExcluirBoa escolha a figura do pensador.
ResponderExcluirUm achado, não é verdade? Substitui um milhão de palavras...
ExcluirNão desista, amigo!! Seus textos são sempre ótimos. Besitos
ResponderExcluir'Brigadíssimo, querida. Com este carinho todo, tenho de continuar.
ExcluirPor mais que se ampliem essas mensagens momentâneas, fugazes e invasivas, nada substitui um bom texto. Continue com sua proposta: escrever SEMPRE. Grande abraço
ResponderExcluirValeu, Zé. Enquanto tiver leitores fiéis como você, a proposta mantem-se de pé.
ExcluirSim, escrever sempre. Só asim poderemos continuar lendo e sabendo as notícias e o falar de quem escreve. Não podemos ficar a ler só os POLÍTICOS, é terrível.Como sempre li muito, lembrando da adolescencia em Ubá, interior de Minas, onde minha prima e eu levávamos toalhas para estendê-las no chaõ na Biblioteca Pública. E alí passávamos tardes deliciosas.
ResponderExcluirOnde você colocaria esta quantidade enorme de pensamentos, conhecimentos se não escrevesse ?
Muito bem colocado, querida Cleusa. Escrever é vício, e é paixão.
ExcluirEu torço para que um dia comecem a cobrar esse tal de WhatsApp. Só assim as pessoas pensarão duas vezes antes de enviarem tantas piadas bobas, Bons Dias, e fake news principalmente as ligadas a política, fora os textos onde colocam nomes de escritores que não os escreveu apenas para dar credibilidade ao texto.
ResponderExcluirCaro blogueiro nada se compara os seus textos com as bobagens veiculadas pelas redes sociais. Para nós seus amigos diletos não podemos ficar sem os seus textos. Continue em frente.
bjs Zezé
Ô Zezé, que bom ouvir estas coisas... Obrigadíssimo.
ExcluirEste é meu pensamento. Abraço, Cleusa.
ResponderExcluirObrigado, Cleusa.
ExcluirNada como ler textos ricos em palavras e em sentido.
ResponderExcluirIsso só nos faz bem e nos dá a possibilidade de fugir das baboseiras cotidianas das supérfluas redes sociais.
En avant !!!
Fifi
Merci, chèrie. A propos, você já sabe que lancei um livro? Chama-se La Gitane e está já à venda pela Internet na FNAC.
ExcluirOswaldo! Nunca comentei em seu Blog, embora os leia assiduamente. Mas resolvi meter o nariz, após sentir um cheiro que me desagrada. É o seguinte:
ResponderExcluirO que se escreve, é o que a cabeça pensa, e como você sabe, a cabeça é um troço independente de quem somos, e pensa o que "quer". O que "quer" é meio forte - pensa.
Há alguns anos atrás (bota atrás nisso) fui convidado sem saber a uma cerimônia da Igreja do Daime, porque era dia do aniversário de meu Mestre, o Osho (reposto em fama atualmente por causa do WWC no Netflix), e é de praxe uma festa onde os Discípulos (Sannyasins) dançam e cantam.
Estando passando uns dias em Lumiar, comentei este fato com um amigo de Goiás, o Gilberto, pai de sete e mentor do grupo de música Krya, e que conhecia a turma de Sannyasins lá de Alto Paraíso, este me perguntou, assim, com a cara mais angélica possível:
- "Ah! Você quer fazer uma festa? Olha há uma festa num sítio rural de uns amigos meus, porque não vai lá e celebra o aniversário do Osho? O pessoal lá conhece bem Ele!"
Ok! Combinamos o encontro à tardinha, e na hora e local veio uma Toyota 4x4 com o que me parecia "A Orquestra", já que todos estavam fardados de terno branco, e traziam, cada um, instrumentos de música.
E fomos nós, já de noite, estradinhas rurais a fora, sacudindo que nem pipoca, até que chegamos, após ladeira e trilha íngreme, "na Festa"...
Já no caminho o papo era bem estranho, e aí perguntei ao Gilberto:
- "Ôh! Gilberto, onde é mesmo que você está me levando?"
- "Ôh! Nirava, fica frio, ou melhor, quente, nós estamos indo a um ritual da Igreja do Daime. Você não queria dançar e cantar? Pois é o que se faz lá, e estando lá você..."
E me deu uma série de instruções, explicações, e tal e queda...
Cara! Pensei: "Caracas! Mas o Osho sempre nos pediu que confiasse no que nos estivesse sendo indicado, então eu vou seguir exatamente o que o que é pra fazer..."
E fiz! E nesse fiz de 12 horas, toma-se 6 doses de "Daime" (que é o nome que dão para a infusão de folha de Psicótria Viridis - a parte feminina - com o cipó chamado na Floresta Amazônica de Jagube, e que é conhecido nas faldas andinas como Ayahuaska)...
Cara! Naquela época eu estava na IBM e trabalhando com os inícios de IA e Robótica coordenando trabalhos com as Universidades, aqui e fora. E o fato é que o "field" estava empacado na impossibilidade de prosseguir, porque ninguém (psicólogos, psiquiatras, neurologistas, linguistas, etc) sabia exatamente como é que funciona nossa cachola de doido.
Isto é: O QUE É PENSAR? Ver, ouvir, sentir, deduzir, armazenar, falar, situar-se no espaço-tempo, traduzir, controlar movimentos, etc, etc.
Na verdade estava saindo da IBM "sopado" (special offering partening), mas não havia ainda feito uma significativa "contribution for the field".
Lá pela terceira dose de "Daime" eu comecei a ter visões espetaculares, e me dei conta que estava diante de uma ferramenta cognitiva incrível!
Aí neste ponto, decidi fazer uma "viagem" pelo meu cérebro e investigar como é que esta joça funciona... E cara, o que vi foi ainda mais surpreendente, porque a parte dedutiva do cérebro funciona pelo mesmo princípio pensado por Charles Darwin, claro!
Umas 36 horas depois, já de volta ao Rio, resolvi escrever um e-mail (o Zap daquela época, 1991) descrevendo para o "field" o que havia descoberto nesta aventura incrível.
Você talvez pense: "Esse cara se fritou, contando pra todo mundo que alucinou numa cerimônia tomando Ayahuaska, e vão rifa-lo de imediato"...
Mas eu estava sendo "sopado", e pensei: "Foda-se!!!".
Aí para minha mais estupefata surpresa comecei a receber perguntas e mais perguntas dos colegas do "field", e aquilo virou um pandemônio na rede!!! Na nossa rede, nosso zap...
ResponderExcluirAté que um colega da área de codificação e processamento disse o seguinte: "Fiz uns cálculos, e verifiquei que para obter uma solução de um problema muito simples usando este método (que todos concordaram em chamar de "Processamento Darwinístico", seriam necessários, com o melhor hardware disponível, algo em torno de 100 a 200 anos)...
Morreu ali? Não. Esfriou, mas não morreu...
Três anos depois, um Colega do "field" descobriu um jeito de encurtar isto para DIAS. Como? Usando a tela de descanso de 10.000 PCs disponíveis na rede Universitária mundial!
Em 15 dias de processamento o "sistema" conseguiu DUAS soluções melhores (mais eficiente) para um circuito eletrônico existente e patenteado!
Hoje, há "chips" que fazem este processo ser uma questão de frações de segundo...
Fomos superados, como pode ser constatado através do Google, da própria IBM, e de muitas e muitas aplicações, incluso o Facebook, Whatsapp, carros elétricos autônomos, drones e o escambau!
Mas escrevi tudo isto para lhe dizer que: Todo pensamento ORIGINAL ainda é uma propriedade nossa.
PENSE NISSO!