A piada seria inevitável, se a situação
não fosse tão séria. O Presidente da Venezuela está para cair de maduro... Mas, trocadilho numa hora
destas?!
A nação venezuelana passa neste momento
por uma situação pouco comum. É um país desfazendo-se por dentro, esgarçando o
tecido de sua organização social, esfrangalhando sua economia e baixando a
patamares mínimos o nível de vida de grande parte de sua população. Um quadro
deprimente de um povo sobre o qual se abateu a pior das tempestades perfeitas.
Uma debâcle financeira, uma liderança
incompetente, uma ratoeira institucional e um choque de poderes.
É evidente para todos que a permanência
de Nicolás Maduro na presidência está com os dias, ou até as horas, contados. E
é também de se presumir que ele próprio sabe disto. O desequilíbrio total da
organização política e o repúdio internacional ao seu governo são fatores
determinantes. As pressões vão aumentar, é claro, apertando ainda mais o
torniquete na garganta econômica da Venezuela. Como está, não há sobrevida
viável para o bolivarianismo no país.
Maduro é o exemplo típico do despreparo.
Assumindo o poder, como Vice-Presidente interino, após a prematura morte de
Hugo Chávez em 2013, esse ex-maquinista do metrô de Caracas havia construído sua
carreira política à sombra do chavismo, educado na cartilha do socialismo bolivariano,
cujos dogmas ancoram-se no conceito de um Estado enorme e no controle total da
grande fonte de riqueza do país. O petróleo.
A significativa queda do preço do barril
colocou a nu a malversação dos proventos obtidos com a exportação do produto,
já iniciada na época de Chávez, mas encoberta pela bonança do dinheiro farto
quando o petróleo estava em alta. Maduro herdou a banda podre do negócio. E,
sem o carisma de seu mentor, acabou por descobrir que não há chavismo sem Hugo Chávez.
Tentando manter o poder em suas mãos com
bravatas, e incompetente para reverter a descida ladeira abaixo da economia e
dos meios de produção, Maduro conduziu a Venezuela para a beira de um
precipício social e institucional.
Cada vez mais sozinho, ele provavelmente
já pressentiu sua queda próxima e deve estar negociando sua saída. Para
aumentar a aposta, subiu o tom nos confrontos fronteiriços, apoiado ainda pelos
pretorianos da Guardia Nacional
Bolivariana e por grande parte do exército. Um apoio que começa a ruir.
Esperemos que esta péssima experiência
venezuelana sirva de alerta para vizinhos e amigos.
Oswaldo
Pereira
Fevereiro
2019